"Os Governos europeus são incapazes, os Governos europeus não estão a ser capazes de dar uma resposta à imigração, não ponham a culpa na Europa em geral", afirmou Durão Barroso, durante uma 'aula' na Universidade de Verão do PSD, que decorrem em Castelo de Vide até domingo.

Gracejando que a Europa tem as "costas largas", Durão Barroso disse ser muito fácil colocar as culpas na Europa.

Contudo, defendeu, "são os Governos europeus que não estão a ser capazes de se entender relativamente às propostas que a Comissão Europeia pôs para solidariedade e responsabilidade na resposta a essa crise, essa emergência".

"É fácil para os políticos nacionais quando algo corre mal dizerem "é a Europa", vincou, gracejando que parece existir a "europeização do fracasso e a nacionalização do sucesso", pois quando as coisas correm bem o mérito é de cada país, quando correm mal a culpa é apenas da Europa.

Abordando diversas vezes o assunto da imigração ao longo das mais de duas horas de 'aula', Durão Barroso defendeu uma Europa de "portas abertas, mas não escancaradas", recusando a xenofobia e o nacionalismo, mas deixou o alerta para o "esforço enorme" que é necessário implementar para a integração dos imigrantes.

Como exemplo, Durão Barroso avançou com a ideia da obrigatoriedade dos imigrantes aprenderem a língua do país de acolhimento para facilitar a sua futura integração.

"Precisamos de integrar as pessoas, não podemos criar novos guetos na Europa, temos de fazer um trabalho de formação dessas pessoas", disse, insistindo que as migrações são um problema estrutural que não pode ser resolvido só com "medidas de polícia".

A situação na Grécia e a crise europeia foram outros dos assuntos abordados por Durão Barroso, que questionou todo o pessimismo que existe à volta da Europa.

"A notícia da morte da Europa é no mínimo exagerado", sublinhou.

Insistindo na ideia que "não foi a 'troika' que criou a crise, foi a crise que criou a troika", o antigo presidente da Comissão Europeia advogou que a crise demonstrou "a extraordinária resiliência da União Europeia".

Sobre a Grécia, Durão Barroso assegurou que tudo foi feito para evitar o 'Grexit', de forma a evitar "os possíveis efeitos de contágio de contaminação".

O antigo presidente da Comissão Europeia responsabilizou ainda o Governo grego pela atual situação do país, considerando que por causa dos erros políticos cometidos e de toda a "confusão" política criada, a Grécia está a aplicar um programa mais difícil.

VAM // SMA

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