"Estamos a experimentar uma fome nunca antes vista", afirma à Lusa Augusta Vernaice, 48 anos, descrevendo o sofrimento de noites a fio com roncos no estômago, mas também embalando um sorriso de esperança perante gotas de chuva, que podem pressagiar mudanças no seu futuro, depois de a guerra a ter afugentado de casa para onde entretanto voltou sem quase nada para comer.

Na sequência da fraca produção agrícola, devido à crise político-militar - que opôs durante 17 meses forças do Governo e o braço armado da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), principal partido de oposição -, cerca de 10 mil pessoas de cinco zonas de Vunduzi, interior de Gorongosa, província de Sofala, enfrentam uma fome severa.