A fonte disse à Lusa que a unidade, que esta semana tem ainda duas linhas de produção em funcionamento, não vai encerrar por completo no próximo domingo, mantendo-se uma linha em funcionamento pelo menos até 15 de fevereiro.

Questionada pela Lusa sobre esta questão e sobre quantos funcionários vão ser recolocados, quantos serão integrados na unidade que vai assegurar a produção de refrigerantes e quantos ficam em situação de desemprego, a Unicer respondeu que, sobre este processo, "não tem mais informação a acrescentar além da que foi anunciada publicamente pela empresa".

No passado dia 07, a Unicer anunciou, em comunicado, que no âmbito do processo de reajustamento da sua estrutura, decidiu antecipar para 31 de janeiro a descontinuação da operação industrial em Santarém, inicialmente prevista para o final de abril.

A fonte sindical adiantou que, dos 10 trabalhadores convidados a manterem-se dentro da empresa, dois, "mais novos e com possibilidade de levarem a família", aceitaram ir para a unidade de Leça do Balio, situação que, noutros casos, se revela mais difícil, sobretudo por estarem a pagar casa na zona de Santarém e ser incomportável suportarem os custos de duas residências, nomeadamente se ficarem com horários fixos, sem possibilidade de receberem subsídios por trabalho por turnos ou laboração contínua.

No caso da Font Salem, que passará a produzir as marcas Frisumo, Frutea e Frutis, detidas pela Unicer, dois dos 70 trabalhadores que vão ser dispensados enviaram currículo e estão à espera de entrevista, mas não há qualquer garantia de que esta unidade venha a integrar 25 funcionários como afirmou a empresa quando anunciou o encerramento, disse a fonte.

Por outro lado, as condições de trabalho e salariais "não são boas" quando comparadas com as que usufruíam na Unicer, afirmou.

A alguns dos funcionários foi pedido que se mantenham até 29 de fevereiro, disse, adiantando que muitos já assinaram o acordo de rescisão, que, além da indemnização e do prémio, inclui o pagamento dos salários até 30 de abril.

Pedro Alexandre, a trabalhar na produção da antiga fábrica da Rical há 19 anos, foi o primeiro a sair, no passado dia 15, lamentando deixar o que "era e continua a ser uma grande empresa, boa para os trabalhadores".

"Até como despedem são impecáveis. Têm gente boa a fazer esse trabalho", disse à Lusa, confessando ser "doloroso" ver a fábrica fechar.

A fonte sindical reconhece o tratamento diferente do que é normal, já que os trabalhadores eram bem remunerados e receberam indemnizações três vezes superiores ao que seria exigido por lei.

Com 39 anos, Pedro Alexandre decidiu aproveitar o tempo do desemprego para encontrar uma alternativa profissional e já se inscreveu num curso de mecatrónica no Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica.

"Depois logo se vê", disse à Lusa.

A fábrica de refrigerantes é a segunda unidade a ser encerrada pela Unicer em Santarém, tendo a cervejeira, na altura com 133 trabalhadores, fechado em março de 2013.

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