"A comunidade portuguesa em Xangai é pequena, mas, à sua escala, é mais dinâmica do que outras", disse à agência Lusa o cônsul-geral de Portugal, João Pedro Fins do Lago.

O diplomata foi um dos três signatários da ata inaugural do Clube Português de Xangai, juntamente com o secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, e o presidente da associação, Gonçalo Almeida Garrett.

O número de portugueses residentes na cidade e nas vizinhas províncias de Zhejiang e Jiangsu, na sua maioria quadros entre 30 e 40 anos, entre os quais dezenas de arquitetos, rondará os 300, cerca de o dobro dos que estão registados na Embaixada em Pequim.

"O objetivo fundamental é agregar a comunidade através de iniciativas culturais e desportivas, e ajudar os portugueses que chegam a Xangai", disse Gonçalo Almeida Garrett.

Fins do Lago definiu a iniciativa como "uma afirmação da sociedade civil portuguesa" numa cidade onde os portugueses já foram uma das mais ativas comunidades estrangeiras.

Antes de o exército japonês invadir Xangai, um dos mais conhecidos clubes da cidade era o Clube Lusitano, que foi transferido para Hong Kong.

De acordo com o Censo de 1930, entre os 48.806 estrangeiros residentes em Xangai contavam-se 1.599 portugueses - mais 193 do que os franceses, que governavam uma parte da cidade conhecida ainda hoje como "a antiga concessão francesa".

A lista era encabeçada pelos japoneses (18.796), seguida pelos ingleses (8.449), russos, americanos e indianos. Os portugueses, quase todos oriundos de Macau, ocupavam o sexto lugar, à frente dos alemães, filipinos, dinamarqueses, polacos, espanhóis e mais 35 outras nacionalidades.

Mas ao contrário do que acontecia então, o novo Clube Português de Xangai é aberto à participação de chineses e de pessoas de outras nacionalidades.

"É um elemento muito importante do clube, de mais-valia e de integração na sociedade que nos acolhe", disse o cônsul-geral de Portugal em Xangai.

Gonçalo Almeida Garrett, o presidente do CPX, concorda: "Faz todo o sentido abrir o clube, até porque temos sócios que são casados com chinesas e conhecemos chineses que querem ir viver para Portugal".

Entre os 21 primeiros sócios, já há duas chinesas e um alemão, referiu Almeida Garrett.

A direção do clube será, contudo, portuguesa.

No domingo, em Pequim, o secretário de Estado das Comunidades exortou os portugueses residentes na cidade a replicar o clube de Xangai.

"Estas associações são fundamentais para aproximar as comunidades de Portugal e para chegar aos públicos locais, contribuindo assim para a promoção dos nossos produtos e da imagem do país", disse José Cesário após um almoço com o embaixador de Portugal, Jorge Torres-Pereira, e a iniciadora da rede social "portugueses em Pequim", Inês Cunha e Silva

Lançada por ocasião do 40.º aniversário da revolução do 25 de Abril, em 2014, aquela rede social tem 77 pessoas, o que corresponde a cerca de metade dos membros da comunidade registados na embaixada de Portugal em Pequim.

"Os portugueses que vivem em Pequim têm uma vida muito local, mas todos teríamos a ganhar se nos juntássemos mais", disse Inês Cunha e Silva, 27 anos, radicada na China desde 2010. "A ideia de criar aqui um clube já estava a ser falada entre algumas pessoas do grupo ("portugueses em Pequim"). Espero que seja o começo de uma nova era".

AC // JMR

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