A viagem do comboio do Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB), até à vila na fronteira com a República Democrática do Congo (RD Congo), iniciou-se já na terça-feira, com a partida do Lobito.

Em causa está a construção e prolongamento de uma linha com 1.344 quilómetros de extensão, obra concluída em 2014 e que esteve a cargo da empresa China Railway Construction Corporation (CRCC).

Trata-se de um empreendimento público mas de concretização totalmente chinesa, desde o projeto à construção da linha e das 67 estações, além do fornecimento de material circulante, num investimento avaliado em 1,83 mil milhões de dólares (1,61 mil milhões de euros).

O troço final da CFB, entre Luena e Luau (vila na fronteira leste), de 334 quilómetros e com sete estações, foi concluído em 2014 e esteve em testes até agora, com a partida do designado "comboio inaugural", ligando dois extremos do país, transportando dezenas de convidados.

A construção desta linha iniciou-se a 01 de março de 1903, durante a colonização portuguesa, e ficou concluída cerca de 26 anos depois. Contudo, a guerra civil que se registou no país provocou a destruição das infraestruturas, com o comboio a deixar de chegar à fronteira em 1983.

A ligação entre o Lobito e a cidade do Luena, a capital da província do Moxico, foi restabelecida em 2012, sendo o transporte de passageiros agora alargado até ao Luau.

Ao longo deste percurso, empresas chinesas construíram ou reabilitaram ainda 107 estações e 35 pontes, com recurso a 100 mil trabalhadores locais, de acordo com informação da CRCC.

Esta linha deverá garantir o transporte anual de 20 milhões de toneladas de carga e de quatro milhões de passageiros.

Posteriormente deverá avançar também a ligação férrea com a rede da RD Congo, sendo conhecido um projeto na Zâmbia que permitirá a interligação com Moçambique.

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