De acordo com um comunicado divulgado pela Universidade de Lisboa, o prémio, no valor de 25.000 euros, foi atribuído por unanimidade - com base numa proposta da Ordem dos Arquitetos - por um júri que se reuniu na segunda-feira.

O Prémio Universidade de Lisboa (ULisboa) é atribuído anualmente para distinguir o mérito de uma individualidade que tenha contribuído "de forma notável para o progresso da ciência e/ou da cultura e projeção internacional de Portugal".

"Mais do que um profissional brilhante na área da arquitetura, se assume como uma figura ética que, desde sempre, soube afirmar posições de grande vigor cívico", sublinhou o júri na ata da reunião.

Destacou ainda que "da sua vasta obra na cidade de Lisboa, que inclui três prémios Valmor, infere-se a sua própria personalidade, marcada pelo constante e o intemporal" e "permanentemente comprometida com a necessidade de se construir uma sociedade cada vez mais justa e cada vez melhor".

Com uma carreira de 60 anos, Nuno Teotónio Pereira, nascido em Lisboa, é uma das mais destacadas personalidades da arquitetura, urbanismo e habitação em Portugal, e também histórico defensor de direitos cívicos e políticos durante o regime salazarista.

Formado na Escola de Belas Artes de Lisboa, Teotónio Pereira decidiu seguir arquitetura contagiado pelo entusiasmo de um colega, Carlos Manuel Ramos (filho do arquiteto Carlos Ramos), numa altura em que se sentia mais inclinado pela geografia.

Em 2010, quando foi homenageado pela Ordem dos Arquitetos, numa entrevista à agência Lusa, o arquiteto declarou "um grande amor por Lisboa", uma cidade onde procurou sempre "contribuir para a beleza do espaço e o bem-estar das pessoas".

Recordou que "antigamente havia um conceito errado ao recorrer aos arquitetos apenas para criar obras sumptuosas. Hoje, os arquitetos devem fazer desde as obras mais modestas às mais grandiosas".

Com uma experiência de vinte anos na área da habitação social, defendeu, nessa entrevista, que este conceito "continua a fazer sentido enquanto houver pessoas ou famílias sem casa digna".

"Estou esperançado que acabem com os bairros de lata no país", comentou o coautor do projeto Habitação Social para Olivais Norte que viria a receber o Prémio Valmor em 1968.

Entre outros, foram já galardoados com o Prémio Universidade de Lisboa, o politólogo Adriano Moreira (2014), o neurocirurgião Lobo Antunes (2013), o ensaísta Eduardo Lourenço (2012), o professor catedrático e jurista Jorge Miranda (2011) e o geógrafo Jorge Gaspar (2010).

Nesta edição, o júri foi presidido por António Cruz Serra, e ainda composto por José Carlos de Vasconcelos, José Matos Paulo Teixeira Pinto, Carlos Salema, Simonetta Luz Afonso, Guilherme D'Oliveira Martins, José Brandão de Brito, Maria João Seixas, José Pedro Sousa Dias, Jorge Barbosa Gaspar, Eduardo Paz Ferreira e Maria do Carmo Fonseca.

O prémio, patrocinado pela Caixa Geral de Depósitos, será entregue na cerimónia de abertura do Ano Académico 2015/16, em outubro próximo.

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