“Parem com a ameaça contra Taiwan, parem com a repressão em Hong Kong, parem com o apoio a [Vladimir] Putin (Presidente russo), parem com a interferência em França”, lia-se numa grande faixa na Praça da República, o local tradicional das manifestações na capital francesa.

Podia ler-se ainda cartazes com frases como “Ditador Xi Jinping, o teu tempo acabou” e “Não ao totalitarismo chinês”.

Centenas de manifestantes hastearam a bandeira tibetana, a multidão entoou repetidamente cânticos como “França, país dos direitos humanos”, “Viva o Tibete livre” e “Tibete livre”.

Xi Jinping “é um ditador” que quer acabar com a tradição e a cultura tibetanas, disse à AFP Karma Thinlay, presidente da comunidade tibetana em França, quando o líder chinês chegou a Paris no domingo à tarde para uma visita de dois dias.

Na China, “não há liberdade de expressão, não há liberdade nenhuma”, lamentou, acrescentando: “a França é um país de direitos humanos e de liberdade, e isso não é compatível com a vinda” de Xi Jinping.

O Presidente francês Emmanuel Macron pretende defender a “reciprocidade” no comércio e a procura de uma solução para a guerra na Ucrânia, perante um Presidente que não está disposto a aceitar as exigências da UE.

“Emmanuel Macron deve estar ciente de que é impossível fazer negócios com a China com calma e confiança, porque a China é um país onde todos os direitos são espezinhados”, continuou Thinlay.

“Há mais na vida do que a economia”, disse, esperando que o Presidente francês aproveite esta “oportunidade” para discutir a situação no Tibete, com vista a encontrar “uma solução pacífica”.

Ao longo dos séculos, o Tibete tem alternado entre períodos de independência e de controlo por parte da China.

O Dalai Lama, no exílio, sempre se recusou a reconhecer que o Tibete fazia historicamente parte da China, como exigido por Pequim, que se tem servido desse facto para recusar o diálogo com os seus representantes desde 2010.