Gouveia e Melo participa em missão inédita do NRP Arpão que navegou debaixo de gelo

Gouveia e Melo participa em missão inédita do NRP Arpão que navegou debaixo de gelo


Tornou-se assim um dos muito poucos submarinos convencionais, se não primeiro, segundo a Marinha, a navegar debaixo do gelo, uma área normalmente reservada aos submarinos de propulsão nuclear.


Após concluída a primeira patrulha de 22 dias ao serviço da NATO, na Operação BRILLIANT SHIELD, o NRP Arpão atracou no porto de Nuuk, na Gronelândia, de forma a realizar uma paragem logística e a preparar a próxima fase da missão, a navegação debaixo da placa de gelo Ártico.

A operação inétida da embarcação portuguesa contou com o apoio de Marinhas aliadas nomeadamente, a US NAVY, através do Artic Submarine Lab (ASL), e das Marinhas da Dinamarca e Canadá, “fortalecendo assim a coesão da Aliança Atlântica, no seu trabalho combinado e num momento de elevada instabilidade mundial, onde os valores da democracia e o respeito pelas regras Internacionais estão a ser colocadas em causa”, informou a Marinha Portuguesa, num comunicado a que o Nascer do SOL teve acesso.

Ao nível logístico, uma vez que o navio vinha de 22 dias de mar, foi necessário reabastecer o navio de combustível e géneros alimentares. Em termos operacionais, foi desenhado o plano final e acertados os procedimentos e plano de comunicações entre todos os parceiros, nomeadamente o navio da Marinha Real Dinamarquesa, HDMS Ejnar Mikkelsen, que iria acompanhar o trânsito até à zona do gelo.

Com todos os preparativos realizados, no dia 28 de abril o Arpão largou de Nuuk, para a realização da Operação ÁRTICO 2024, com a presença a bordo do chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante Gouveia e Melo.

“Após largar, acompanhado pelo HDMS Ejnar Mikkelsen, o submarino iniciou trânsito para norte e no dia 29 de abril começou a escrever mais uma página, na já significativa história dos submarinos da classe “Tridente”, iniciando com a passagem pelo mítico paralelo 66º33’N, que marca a fronteira do Círculo Polar Ártico, algo que à semelhança da passagem do Equador, é uma marca relevante para todos os Marinheiros, e esta marca ainda não tinha sido alcançada pelos submarinistas portugueses”, lê-se no mesmo comunicado.

Ao alcançar a posição de início da primeira fase da missão, já com a placa de gelo à vista no horizonte e bastante perto da Marginal Ice Zone (MIZ), foi tempo de fechar a escotilha e entrar em imersão, “para iniciar a aventura de navegar debaixo da placa do gelo Ártico, e confirmar todo o estudo e preparação dos últimos meses”.

O feito inédito do NRP Arpão se encontrar a navegar em imersão profunda com um teto de gelo foi confirmado pelos sonares ativos e sonda, trazendo a todos os elementos da guarnição um sentimento de expectativa realizada. Após o regresso à superfície iniciar-se-ia a fase seguinte: exploração operacional de um submarino debaixo do gelo, desde o mapear de Polyanas, aberturas naturais na placa de gelo para uma possível emersão de emergência, até monitorizar a largura da placa ou a densidade de gelo derivante.

Após também se ter concluído com sucesso e cumpridos todos os objetivos da missão, o NRP Arpão voltou à superfície em segurança, a 3 de maio, e iniciou o trânsito de regresso para Nuuk.

O NRP Arpão tornou-se assim um dos muito poucos submarinos convencionais, se não primeiro, segundo a Marinha, a navegar debaixo do gelo, uma área normalmente reservada aos submarinos de propulsão nuclear. Permaneceu debaixo da placa de gelo num total de cerca de quatro dias, “tendo também explorado a operação na Marginal Ice Zone, com grande densidade de gelo solto, zona essa com elevado valor tácito, área em que nenhum outro submarino do ocidente se atreveu a operar, desde a II grande Guerra, com total sucesso”.

O feito provou assim que se pode adicionar uma nova capacidade aos submarinos portugueses e, consequentemente, à Marinha.

“A Marinha demonstrou que com ambição, foco, competência e sacrifício faz jus à longa história marítima portuguesa, repleta de heróis anónimos e de feitos notáveis como canta Camões, o nosso poeta: “…Passaram para além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados, Mais do que prometia a força humana,..””, sublinha a Marinha.