Mário Lúcio, escritor, cantor e compositor cabo-verdiano, natural do Tarrafal, evocou os “maltratados” e “ultrajados” na abertura do espetáculo, narrando o sofrimento da viagem pelo mar dos primeiros presos, até chegarem ao desterro que havia de encarcerar quase 600 pessoas.

“Já não é mais uma prisão e que nunca mais o volte a ser”, disse Teresa Salgueiro, que depois cantou “Por trás daquela janela” que José Afonso dedicou a quem também estava preso em Caxias sob a ditadura.

A música de Angola ecoou pela voz de Paulo Flores, música “feita tanto de sofrimento como de esperança”, explicou, para, mais à frente, cantar “Amanhã”, do Duo Ouro Negro.

Karyna Gomes levou ao palco a voz da Guiné-Bissau, “um país fundamental” para a liberdade que hoje se celebra, porque a luta de libertação assim o ditou.

“A nossa luta foi toda cantada” e esses foram temas escolhidos para um espetáculo de união, em que a cantora pediu um “viva” a Amílcar Cabral.

“Ele vive em nós”, acrescentou, numa evocação do líder pela independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde.

Quase no final, os quatro juntaram-se para cantar “Venham mais cinco”, de José Afonso.

Na primeira fila da plateia, assistiram ao espetáculo o Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, o chefe de Estado cabo-verdiano, José Maria Neves, e o ministro da Defesa de Angola, em representação de João Lourenço — o Presidente guineense, Sissoco Embalo, interveio na sessão especial, ao fim da manhã, mas ausentou-se logo depois.

Nos discursos da altura, os chefes de Estado apontaram o antigo campo (hoje, museu) como exemplo daquilo que nunca mais se quer, defendo a consolidação da democracia e liberdade.