Os apresentadores Júlio Isidro e Júlia Pinheiro são as caras da nova campanha que foi pensada para aumentar a sensibilização para comportamentos seguros na Internet dos adultos séniores, e que aposta em algumas frases fortes e ligadas a ditados populares. A iniciativa da campanha é do Centro Nacional de Cibersegurança, através do projeto Centro Internet Segura, em parceria com a Ordem dos Psicólogos e conta com o apoio da Câmara Municipal de Cascais.

A população mais idosa está no grupo onde se verifica uma maior exclusão digital, e em alguns casos entrou mais tarde na utilização de smartphones ou computadores, revelando maior fragilidade nas competências de cibersegurança.

"Os números mostram que os adultos mais velhos afirmam ter menos cuidados relativamente à cibersegurança do que as populações mais novas. Este é um dado sistemático, visível, por exemplo, nos dados dos vários Relatórios dedicados ao tema Sociedade do Observatório de Cibersegurança do CNCS, como é o caso da última edição, de 2021", explica ao SAPO TEK Isabel Baptista, coordenadora do Departamento de Desenvolvimento e Inovação do CNCS. Por outro lado, os adultos mais velhos utilizam menos as plataformas digitais do que os jovens, tendo, portanto, um nível de exposição diferente, adianta ainda.

Segundo o CNCS, muitos destes adultos com mais idade modernizaram-se na utilização de tecnologia e passaram a fazer compras online, a contactar com familiares e amigos através de diferentes plataformas, a realizar teleconsultas ou a aderir a redes sociais, entre outras atividades, e por isso é importante esta sensibilização.

A pandemia veio intensificar a utilização das tecnologias digitais também entre os mais velhos e o objetivo é ajudá-los  a combater a falta de competências de forma prática, aproveitando a motivação e necessidade que sentem.

Em entrevista ao SAPO TEK, Francisco Miranda Rodrigues, bastonário da Ordem dos Psicólogos, admite que a preocupação não é apenas com a cibersegurança, mas que este tema é multifacetado, adiantando que é uma componente do trabalho pela paz que motiva a ordem e que também passa pelo domínio da segurança online.

"Hoje as ferramentas digitais são essenciais na integração, para termos uma sociedade mais inclusiva, e o acesso justo a estas ferramentas é o acesso com literacia que permita uma navegação em segurança", defende.

Inclusão precisa de ser acompanhada com literacia

Com a evolução rápida da tecnologia nem sempre é possível acompanhar todos os temas de forma informada, com conhecimento que dê aos utilizadores a capacidade de avaliar os riscos, e é aqui que entram as ciências comportamentais. "A esmagadora maioria das pessoas não tem capacidade para perceber. Tem menos informação, menos conhecimento e reflexão, o que se materializa na diferença sobre a percepção dos riscos que correm na utilização da ferramenta", explica Francisco Miranda Rodrigues.

O Bastonário da Ordem dos Psicólogos avisa que é importante reforçar as competências dos vários grupos no uso da internet, em especial dos mais idosos, que pela sua experiência estão mais fragilizados.

Mas isso significa que se deve reduzir os esforço de inclusão? Isabel Baptista não acredita que se esteja a avançar demasiado depressa com  a inclusão destas populações mais vulneráveis no digital. Tal como o Bastonário da Ordem dos Psicólogos, defende que é preciso acompanhar essa inclusão com a devida literacia digital para a cibersegurança.

"A digitalização sem segurança é mais um problema do que uma solução, e pode comprometer as virtudes da inclusão digital, mas também da transição digital. A cibersegurança é uma forma de salvar a digitalização, não de a atrasar", justifica Isabel Baptista.

]A parceria que foi criada com a Ordem dos Psicólogos pode vir a ter outros desenvolvimentos e Isabel Baptista indica que "o CNCS vê esta parceria de forma muito positiva, precisamente porque sublinha a preocupação que o CNCS tem com o fator humano", lembrando que a cibersegurança é uma questão abrangente e não apenas tecnológica. "Esta parceria aprofunda esta relação entre a componente social e a técnica a nível institucional. Portanto, tudo o que concorra para esta articulação mais alargada é algo que o CNCS valoriza", reforça.

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