HealthNews (HN) Anunciou a sua reecandidatura para bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas. Qual o balanço que faz o seu mandato?

Miguel Pavão (MP)- O balanço é positivo. Durante o meu mandato atravessámos um período difícil, complexo e anomalo, como foi o caso da pandemia da Covid-19. Foi uma altura que não nos permitiu ter foco em matérias que considerávamos essenciais, como a saúde oral. No entanto, apesar das dificuldades viemos a conseguir um salto muito positivo nesta área. Não podemos esquecer que qualquer pessoa que ocupa um cargo como bastonário está sempre dependente da conjuntura política.

HN- Foi no seu mandato que se deram profundas alterações na saúde… Em 2022, Marta Temido apresentou a demissão e Manuel Pizarro tomou posse como ministro da Saúde. Considera que esta transição foi positiva?

MP- Tenho de reconhecer que a alternância de poder no Ministério da Saúde foi favorável. O facto de ter havido, mais tarde, a nomeação de pessoas para a área da saúde oral na Direção-Executiva do Serviço Nacional e na Direção-Geral da Saúde foi muito positivo. Considero que foi também mérito do nosso desempenho.

HN- Consegui colocar a saúde oral na agenda mediática e política…

MP- Exatamente. Esse foi um fator fundamental. Conseguimos alertar a opinião pública e a sociedade civil. A intervenção junto dos diferentes líderes partidários demonstrou que a saúde oral tem de ser priorizada. Atualmente podemos ver como os partidos assinalam nos seus programas de governo a importância desta área. Portanto, o nosso trabalho foi bem conseguido.

HN- Quais as razões que o motivaram a anunciar a recandidatura?

MP- Considero que a minha função enquanto bastonário ainda não está esgotada e os estatutos permitem candidatar-me por duas vezes. No fundo, sinto que se saísse agora seria um ciclo que ficava a meio. Há pretenções e objetivos que ainda pretendo alcançar. Sei que ainda já muitas coisas que estão pendentes, nomeadamente a revisão de várias leis. Tem de haver uma revisão do cheque-dentista, da carreira dos médicos dentistas no Serviço Nacional de Saúde e tem de haver um olhar atento às portarias e alterações que o governo quer fazer com a articulação com o setor privado.

HN- E a nível interno, o que é que ainda precisa de ser feito?

MP- Temos projetos internos, como é o caso da aquisição de alguns imóveis para podermos avançar com uma restruturação do ponto de vista do edificado da ordem.

Por outro lado, quer deixar um legado e um contributo forte que neste momento está bem encaminhado. Um mandato de quatro anos é curto.

HN- O seu mandato será um mandato de continuidade?

MP- Diria uma continuidade renovada.

HN- O que é que vai fazer de diferente?

MP- Em primeiro lugar, eu próprio sinto-me mais preparado para o cargo. Em segundo lugar, vou renovar a equipa. Julgo que estamos mais amadurecidos e preparados para enfrentar os desafios atuais.

HN- Qual a mensagem que gostaria de deixar aos colegas?

MP- Queria agradecer o reconhecimento do meu trabalho ao longo de quatro anos. Tem sido um privilegio liderar a Ordem do Médicos Dentistas. Durante quatro anos, tenho dedicado o meu tempo e energia em representação dos meus colegas. Portanto, a mensagem que quero deixar é que tenho vontade, energia e motivação para continuar a fazer melhor. Sinto que este é ainda o tempo para poder provocar uma mudança que já aconteceu… A mudança aconteceu na dentro ordem e na profissão, mas ainda podemos ir muito mais longe. Diria que fui o orquestrador deste processo de transformação da profissão. Por isso peço aos meus colegas para confiarem de novo em mim e para renovarem, mais uma vez, o voto em mim.

Entrevista de Vaishaly Camões

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