O realizador português Pedro Pinho, de 48 anos, recusou apresentar o seu mais recente filme, ‘O Riso e a Faca’, no prestigiado Festival de Cinema de Jerusalém, evento que arranca esta sexta-feira, 18 de julho, organizado pela Cinemateca de Israel. Numa posição pública de grande impacto, o cineasta defende que o festival “é cúmplice no que se está a passar na Palestina” e recusa qualquer normalização da situação de guerra, optando por não participar num evento que considera marcado pela intervenção pública do Estado israelita.

A decisão de Pedro Pinho foi comunicada através da sua conta oficial de Instagram, onde o realizador não só revelou o convite como lançou um apelo claro ao boicote a Israel, em solidariedade com o povo palestiniano. A recusa do cineasta português surgiu mesmo após uma tentativa do diretor do festival em demover Pinho da sua posição, numa carta que, segundo o próprio, “não foi suficiente” para alterar a decisão tomada.

“O festival não pode deixar de ser cúmplice do que acontece, sobretudo com esta ideia de que a vida pode prosseguir normalmente perante uma atrocidade daquelas”, sublinhou Pedro Pinho à agência lusa, reforçando o seu protesto e a urgência de uma posição ética por parte da comunidade cultural internacional.

O caso soma-se a outras manifestações recentes do setor cultural português, que se tem mostrado cada vez mais crítico relativamente ao conflito no Médio Oriente e à resposta das instituições internacionais. A decisão de Pedro Pinho coloca, novamente, o debate sobre a responsabilidade ética dos eventos culturais em contexto de conflito, numa altura em que o mundo volta os olhos para Jerusalém e para a atuação do Estado de Israel na região.

A ausência de ‘O Riso e a Faca’ no festival representa uma tomada de posição pública do cinema português, trazendo o conflito Israel-palestiniano para o centro das discussões culturais em Portugal e desafiando outros profissionais do setor a assumirem posições claras e firmes em nome dos direitos humanos.