A empresa Rewatt, em parceria com a Associação de Desenvolvimento Montes Claros, vai colocar painéis solares na sede da empresa Fabrimar, em Borba.

Um projeto de Comunidade de Energia Renovável na cidade que se vai estender a potencialmente «cerca de 800 habitações», segundo Luís Couto, gestor da empresa impulsionadora.

O gestor explicou que este modelo foi criado em 2019 e parte do princípio de que «se eu tiver uma unidade de produção de energia renovável, eu posso vender ou ceder essa energia ao meu vizinho».

Uma «oportunidade única» para a cidade, segundo Luís Couto, depois da empresa, que vai ficar em modo de autoconsumo, disponibilizar o telhado para que «não só o seu excedente fosse comercializado, mas também a ceder o remanescente da sua área disponível para aumentarmos a capacidade de produção energética».

Luís Couto esclareceu que a E-Redes definiu que «enquanto houver esta energia que é injetada na rede, não partilha o consumo com o comercializador», ou seja, «o comercializador não pode cobrar essa energia às pessoas».

«Passam a ser clientes da comunidade, o que permite ter ganhos na ordem dos 20%, dependendo do perfil de consumo de cada um», acrescentou.

Desta forma, o gestor explicou que as pessoas que aderirem ao projeto passarão a «receber duas faturas», ou seja, «continuam a ser clientes da sua comercializadora normal e depois da comunidade».

O gestor sublinhou que há já 50 aderentes, o que «parece pouco», mas estão presentes entre eles «várias empresas», que por norma «têm um consumo superior ao que temos nas nossas casas»: «É o equivalente a cerca de 200 habitações».

«É um sinal extremamente positivo do interesse, obviamente de poupança de custos, mas também de ter acesso à energia verde, produzida localmente e consumida localmente», disse ainda.

Mesmo destacando as vantagens, Luís Couto realçou que pode haver desconfiança no projeto. «A primeira é o ‘eu não tenho de pagar nada’, de ‘investir nada’ e ‘vou ter acesso a energia mais barata’, ‘posso sair quando quero’», afirmou.

«A energia produzida nas centrais fotovoltaicas é de facto, muito mais barata do que outros meios de produção energética. Como é produzida localmente o transporte, esta energia também tem menores custos para a rede elétrica nacional», acrescentou.

Referiu ainda que «ninguém está a enganar ninguém» e que «como o custo de produção é menor, o custo depois, para os consumidores, também é menor».

Trata-se de um investimento de «cerca de um milhão de euros», globalmente, já que «temos três fases de desenvolvimento» e, neste momento, «estamos a instalar a fase 1».

Com isto, Luís Couto sublinhou que Borba pode tornar-se um concelho energeticamente autossustentável «tendo em conta as características do município».

«É muito provável que seja um dos primeiros municípios com maior autonomia energética diurna a nível nacional nos próximos tempos», realçou.

Visão esta que é partilhada por Ângelo Sá, presidente da associação parceira, já que «as pessoas vão ser beneficiadas» e é «importante para Borba».

««É um projeto eminentemente social, em que vai permitir que pessoas, até de rendimentos mais baixos, possam adquirir energia a um preço mais baixo», adicionou.

O presidente sublinhou ainda que tem uma «muito boa» perspetiva para o projeto e que anseia que «arranque no mais curto espaço de tempo possível».

De seguida, fique com a foto-reportagem da apresentação do projeto.