O Brasil foi o país mais recente a aplicar o acordo, desde o início do ano, mas outros países estão mais atrasados no processo, nomeadamente Angola, que não autorizou a nova norma "a nenhum nível governamental".

Questionado sobre este processo, Santos Silva defendeu que "a ratificação de um acordo internacional é uma decisão soberana dos países que o subscrevem" e lembrou que Portugal "demorou vários anos a ratificar o acordo e a decidir aplicar o acordo ortográfico que tinha subscrito nos anos 90" e que está em pleno vigor agora em Portugal.

"Cada país tem o seu tempo e a sua política. Esperamos calmamente que esse processo se conclua, julgo que se vai concluir com êxito para todos", considerou, em declarações aos jornalistas à margem do "Seminário de Cooperação Internacional - Desenvolvimento, Cultura e Língua", que decorreu hoje na sede do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, em Lisboa.

Santos Silva relativizou a importância do acordo.

"A ortografia é uma convenção, é um acordo internacional que procura estabilizar essa convenção, modernizando-a e aproximando mais grafias que eram muito diferentes, com o risco de se tornarem, eventualmente, incompatíveis entre países que são todos países de língua portuguesa", referiu, sublinhando que apenas um a dois por cento dos vocábulos da língua portuguesa têm a sua grafia alterada com o Acordo Ortográfico.

O chefe da diplomacia portuguesa adiantou que, após a aprovação da nova visão estratégica da CPLP, que deverá acontecer este verão na cimeira de chefes de Estado da organização lusófona, "irá crescer a importância" do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), como um "instrumento importante para a valorização" do português.

Questionado sobre o problema da falta de financiamento deste organismo, que tem sede em Cabo Verde, Santos Silva disse: "Se juntarmos mais os nossos recursos e formos mais focados nos nossos objetivos, e mais criteriosos nas nossas estratégias, conseguimos fazer mais com o que temos".

Sobre possíveis problemas com os boletins de voto no círculo da emigração numa eventual segunda volta das eleições presidenciais portuguesas, como hoje noticiava a imprensa, o ministro garantiu que não haverá problemas.

"Tudo está preparado e tudo estará feito para o objetivo, que é essencial e não é suscetível de não cumprimento, de que se houver segunda volta, todos os eleitores estarão em condições de participar nessa votação", assegurou.

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Lusa/fim