Numa declaração no Centro Cultural de Belém, o antigo líder parlamentar social-democrata recordou ter sempre defendido que "os mandatos devem ir até ao fim", acrescentando que mantém essa posição "em circunstâncias normais".

"Mas já não estamos a viver uma situação normal. Houve uma brutal e grave alteração de circunstâncias em relação à eleição de há um ano (...) É preciso e urgente mudar este estado de coisas, é preciso salvar o PSD do caminho para o abismo em que ele está mergulhado", justificou.

Para Montenegro, "há um ano ninguém admitia esta queda enorme do PSD nas sondagens" nem que "o PSD estivesse a caminho de uma das derrotas mais humilhantes da sua história".

"Face a este estado de coisas, sinto a responsabilidade de sair da minha zona de conforto. Não me resigno a esta situação, não me resigno a um PSD pequeno, perdedor, irrelevante, sem importância política e relevância estratégica", afirmou.

Luís Montenegro admitiu que "outros" -- sem nomear - poderão preferir o caminho de "queimar o líder em lume brando, à espera de melhor oportunidade".

"Não é essa a minha forma de agir, não me revejo na ideia de quanto pior melhor", afirmou, dizendo ser mais "saudável, e sobretudo útil para o país e para o partido, pôr tudo em pratos limpos".

Na apresentação, onde estiveram presentes alguns apoiantes anónimos -- exceção feita ao deputado Hugo Soares e ao autarca da Espinho Joaquim Pinto Moreira -, Montenegro prometeu "galvanizar os portugueses em torno de um tempo de esperança", dirigindo-se a empresários, trabalhadores, reformados e jovens.

"Numa palavra, um tempo de esperança que atinja a vida das pessoas, conferindo mais bem-estar, mais oportunidade de subirem na vida, que imponha um travão à exaustão fiscal das famílias e das empresas, que assegure uma administração enxuta meritocrática e centrada no serviço aos cidadãos", afirmou.

Montenegro defendeu ainda uma "sociedade e economia livres de dependências e privilégios injustificados" e uma política concentrada "na nobreza de servir o interessa nacional de forma livre, transparente e incorruptível".

"Fui sempre e sou um homem totalmente livre, estou de bem com a vida, disse que se for preciso estar cá, cá estaria e cá estou, disse que se sentisse que devia avançar não ia pedir licença a ninguém e não pedi. Estou aqui porque quero estar, mas sobretudo porque sinto que devo estar", assegurou.

SMA // JPS

Lusa/fim