"O PRS não pode fazer uma política de cadeira vazia, de forma nenhuma. O PRS é um partido responsável e, como tal, há de continuar no Governo. Se não estivéssemos no Governo seria pior", disse o porta-voz, que também é ministro da Comunicação Social no Executivo de Aristides Gomes, em entrevista à agência Lusa, em Lisboa.

Para Victor Gomes Pereira, a presença de vários partidos em reuniões do Conselho de Ministros permite debater situações, mas sente que estes não têm sido ouvidos.

"Estamos no Governo e em Conselho de Ministros debatemos estas situações, mas enfim, infelizmente, parece que tem havido uma espécie de política de orelhas moucas", lamentou o ministro.

O político acredita que "as pessoas querem reabrir a Assembleia", mas há outras "que não estão interessadas".

"Querem fazer um recenseamento [eleitoral] viciado para que depois se justifique, perante a comunidade internacional, determinadas percentagens para irmos a eleições", afirmou o representante do segundo maior partido guineense, que assegurou: "Nós não vamos permitir isto".

Victor Gomes Pereira apelou à população que "se dirija" às mesas de recenseamento e que esteja "atenta e vigilante" para o garantir que direito de cidadania "vingue".

A Guiné-Bissau vive uma crise política há vários anos, tendo o Presidente da República, José Mário Vaz, nomeado, em abril último, Aristides Gomes como primeiro-ministro para a constituição de um Governo inclusivo com vista à realização das eleições legislativas.

As eleições, marcadas para 18 de novembro, têm sido colocadas em causa por várias organizações, dadas as dificuldades em assegurar o recenseamento.

A 06 de setembro, o Grupo das Organizações da Sociedade Civil para as Eleições na Guiné-Bissau considerou que a realização das legislativas a 18 de novembro era "tecnicamente inviável", posição partilhada pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) do país, que defendeu, no dia seguinte, um novo cronograma eleitoral.

O recenseamento eleitoral na Guiné-Bissau deveria ter decorrido entre 23 de agosto e 23 de setembro, mas atrasos na receção dos `kits` para registo biométrico dos cidadãos obrigou a que o processo só tivesse início a 20 de setembro.

Em abril, o presidente da CNE, José Pedro Sambu, tinha alertado para a necessidade de serem disponibilizados fundos para o início de recenseamento eleitoral em julho de 2018, tendo previsto na altura que haveria cerca de 900 mil eleitores no país.

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