O espetáculo é uma revisitação de um outro que o artista criou há dez anos, com o mesmo nome, em que entrevistou seis mulheres com quem tem uma ligação de amizade, de trabalho e de admiração, todas elas artistas, disse à agência Lusa Miguel Bonneville.

Uma década depois, decidiu entrevistar novamente cinco dessas mulheres e outras cinco, pegando em alguns dos temas que tinha abordado no passado, como a morte ou o feminismo, mas trazendo também para as entrevistas novos temas, como o amor ou a espiritualidade.

"São temas sobre os quais falamos muito, mas talvez de uma forma superficial e, em 2018, algumas das questões continuam presentes", nota, apesar de constatar que, no caso do feminismo, "muito mudou em dez anos e hoje [está-se] muito mais exposto à palavra e àquilo que pode significar".

Para Miguel Bonneville, fazia sentido, passados dez anos, ver o que aconteceu e o que mudou com aquelas mulheres retratadas, num espetáculo que tem mantido e que "faz sempre sentido voltar a fazê-lo".

Em palco, Miguel Bonneville vai "fazer a dobragem em direto" do que as mulheres estão a dizer nos vídeo-retratos que vão passando, que o público vê, mas que não ouve, apenas a partir da voz do artista, que não procura reproduzir as retratadas, antes tentar "interferir o menos possível no espetáculo".

Segundo o 'performer', o espetáculo, a partir dessas histórias e vídeo-retratos que falam de vários temas, acaba por surgir "uma reflexão sobre a identidade, que é o grande problema da humanidade".

"Estamos sempre a superar ou a tentar ser outra coisa. Queremos voar como o pássaro ou ir para debaixo de água. Tudo o que construímos é uma tentativa de superar uma falha, que eu não sei se existe. A procura do porquê dessa falha, essa frustração é o que nos tem movido, é o que nos faz pensar, construir e, por vezes, destruir", vinca.

O espetáculo é apresentado a 22, pelas 21:30, no Teatro Académico de Gil Vicente.

O bilhete custa entre três e cinco euros.

JYGA // TDI

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