"Guaidó não é nenhum presidente para mim, temos apenas um presidente, que venceu com mais de 6.248.000 votos. O senhor Guaidó quantos votos teve? Quando concorreu para presidente? Em que eleições? Foi eleito, com cerca de 90 mil votos, para ser deputado por um círculo eleitoral, em que ficou em segundo", disse Lucas Rincón em declarações à agência Lusa, depois de questionado sobre o facto de Guaidó ter nomeado um outro embaixador para Portugal.

Lucas Rincón, que esteve presente na iniciativa "Pela Paz! Solidariedade com a Revolução Bolivariana", que decorreu em Lisboa, defendeu que Nicolás Maduro é o Presidente legítimo da Venezuela.

"O nosso Presidente legítimo é Nicolás Maduro, que ganhou com mais de 67%. Não existe nada que discutir, ele [Guaidó] pode falar, falar, falar... Ele não é dono de nada, é presidente do quê?", questionou.

O embaixador da Venezuela em Portugal recusou falar sobre as tomadas de posição do Governo português, adiantando, contudo, que mantém boas relações com o executivo.

"Não quero falar da política interna de Portugal, porque sou respeitoso. Posso dizer que respeito os assuntos internos de Portugal e de qualquer outro país. Respeito tudo o que venha do Governo, tenho muito boa relação com o Governo e os seus governantes e tenho muito apreço, carinho e respeito pelo ministro dos Negócios Estrangeiros", frisou.

A iniciativa "Pela Paz! Solidariedade com a Revolução Bolivariana", que juntou centenas de pessoas, teve várias organizações na sua promoção, contando com intervenções de Ilda Figueiredo, presidente do Conselho Português pela Paz e Cooperação, de Augusto Praça, membro do Comissão Executiva da CGTP, de Mercedes Martinez, embaixadora da República de Cuba, e também Lucas Rincón.

"Estas iniciativas são uma defesa do povo venezuelano, da justiça e da paz, que é o que queremos. Não estamos a fazer nada de mal, estamos a cumprir tudo como se deve fazer e está a ser cometida uma grande injustiça", afirmou Lucas Rincón.

O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, nomeou na terça-feira José Rafael Cotte para o cargo de embaixador da Venezuela em Lisboa.

O Governo português aguarda que a Assembleia Nacional venezuelana comunique formalmente a intenção de alterar o representante diplomático em Portugal para depois tomar uma decisão, segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Santos Silva.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.

Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.

AJO // SR

Lusa/Fim