Num comunicado enviado às redações, os promotores do projeto, que junta Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), Instituto de Medicina Molecular (IMM), Centro de Estudos de Doenças Crónicas da NOVA Medical School da Universidade Nova de Lisboa (CEDOC-NMS), Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (iBET) e Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier da Universidade Nova de Lisboa (ITQB-NOVA) consideram o ensaio "essencial para perceber a expansão da imunidade na população e para suportar a implementação de novas estratégias".

O consórcio vincou que os primeiros ensaios "já estão em curso", lembrando que a grande maioria dos casos identificados de covid-19 regista sintomas leves e que uma parte significativa dos infetados nem chega a manifestar quaisquer sintomas, pelo que a realização destes testes, a um nível "escalável e económico" no país, vai assegurar uma gestão "mais realista" da pandemia no futuro.

"É essencial desenhar ensaios serológicos específicos para a covid-19, a um preço acessível, que possam ser utilizados à escala nacional em estudos epidemiológicos", adiantou a diretora do IGC, Mónica Bettencourt-Dias, sendo secundada pela investigadora Helena Soares, do CEDOC-NMS: "Estamos a otimizar um ensaio, já adotado por alguns hospitais dos Estados Unidos, de modo a torná-lo ainda mais económico e autossuficiente. Permitir-nos-á quantificar possíveis diferenças na produção de anticorpos entre portadores assintomáticos".

Com o apoio do Fundo de Emergência Covid-19, da Fundação Calouste Gulbenkian, da Sociedade Francisco Manuel dos Santos e da câmara de Oeiras, o projeto conta ainda com um conselho consultivo que integra o diretor da unidade de cuidados intensivos do Hospital Pulido Valente, Filipe Froes, o diretor do programa de doutoramento da Fundação Champalimaud, Thiago Carvalho, e Florian Krammer, professor na Icahn School of Medicine.

O diretor do ITQB-NOVA, Cláudio M. Soares, sublinhou que o trabalho "beneficia a saúde pública nacional" e que a implementação em grande escala será coordenada com o governo, além de já existirem esforços de articulação "com as autoridades de saúde, nomeadamente com o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA)". Por outro lado, o consórcio admitiu alargar também o projeto a entidades privadas.

O projeto de ensaio serológico deste consórcio junta-se a outro já em desenvolvimento pela Fundação Champalimaud, que inicia na próxima semana testes serológicos à covid-19 a 667 enfermeiros e assistentes operacionais dos hospitais de Santa Maria (Lisboa) e Santo António (Porto), num projeto-piloto em colaboração com a Ordem dos Enfermeiros.

Também o INSA, laboratório nacional de referência na dependência do Ministério da Saúde, anunciou o início da realização de testes serológicos, numa fase piloto, a cerca de 1.700 pessoas no final de abril ou na primeira semana de maio.

Portugal regista 714 mortos associados à covid-19 em 20.206 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.

JYGO (ER/CMP) // PJA

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