A vida é tão curta, porque é que não havemos de comer bem?

Poucas coisas fariam o grande poeta norte-americano Jim Harrison mais feliz do que comer bem e beber melhor.

«Jim deliciava-se com a frivolidade sem pudor da refeição», escreve o seu grande amigo e chef Mario Batali na introdução de Uma grande almoçarada, o livro que reúne alguns dos seus melhores textos e crónicas e que a Quetzal publica a 2 de maio, com tradução de Isabel Lucas. «A vida é tão curta, porque é que não havemos de comer bem ou de trazer os outros para o prazer da nossa mesa?»

Poeta, ensaísta e ficcionista prolífico, Jim Harrison foi um dos autores mais amados da América – o que se deve, também, aos seus textos sobre comida. «Há um grande prazer em abrir um bom vinho e cozinhar com os amigos.» Conhecido como «o poeta laureado do apetite», Harrison assume as suas convicções sem pudor: «Nunca me contenho à mesa porque aprendi que é mais divertido comer do que não comer.»

Como se de uma grande conversa se tratasse, Uma grande almoçarada junta ingredientes de refeições com muitos pratos, disputas sobre vinhos, trivialidades sobre a vida de grandes escritores, mezinhas e comentários da vida quotidiana com uma entrega que denuncia a alegria da mesa, mas também a felicidade da partilha. Harrison será sempre o grande amante da natureza, da poesia, herdeiro da tradição zen ou das influências de Walt Whitman, Dylan Thomas ou Rimbaud. E tanto escreve os mais belos poemas sobre pássaros e árvores ou sobre intimidade com a natureza, como – muito politicamente incorreto – evoca um jantar, um delírio culinário, um menu ideal, uma digestão inesquecível.

Uma obra de poesia, excesso, gozo e apetite.