Segundo a mesma fonte, a população decidiu perseguir os supostos atacantes depois de desconhecidos terem queimado 56 casas entre a noite de terça-feira e madrugada de quarta-feira, na aldeia de Lilongo, em Nangade.

No fim-de-semana, um tratorista da administração de Nangade foi queimado vivo, num caminho da aldeia da Machava, depois de o veículo ter sido incendiado por desconhecidos, quando voltava da mata onde tinha ido apanhar castanhas de caju.

Na mesma altura, duas pessoas foram assassinadas a catana por desconhecidos na mesma zona.

Estas vítimas juntam-se a outras quatro pessoas que morreram também no fim-de-semana durante dois ataques a acampamentos de agricultores em zonas remotas do distrito de Mocímboa da Praia.

Residentes do distrito de Mueda, que ainda não registou nenhum ataque, juntaram-se aos populares de Nangade na perseguição aos supostos atacantes, num gesto de solidariedade.

Os dois distritos estão separados por uma distância de 100 quilómetros.

Fontes locais relataram que uma das vítimas da ação popular é um militar desertor e a outra é um polícia expulso da corporação.

A população incendiou 17 casas localizadas nas aldeias assoladas pela violência, acusando os proprietários de fazerem parte dos grupos que fazem incursões na região.

Desde há um ano, segundo números oficiais, já terão morrido cerca de 100 pessoas, entre residentes, supostos agressores e elementos das forças de segurança.

Esta onda de violência em Cabo Delgado (2.000 quilómetros a norte de Maputo, no extremo norte de Moçambique, junto à Tanzânia) eclodiu após um ataque armado a postos de polícia de Mocímboa da Praia, em outubro de 2017.

Na altura, dois agentes foram abatidos por um grupo com origem numa mesquita local que pregava a insurgência contra o Estado e cujos hábitos motivavam atritos com os residentes, pelo menos desde há dois anos.

Depois de Mocímboa da Praia, têm ocorrido vários ataques que se suspeita estarem relacionados com o mesmo tipo de grupo, sempre longe do asfalto e fora da zona de implantação da fábrica e outras infraestruturas das empresas petrolíferas que vão explorar gás natural, na península de Afungi, distrito de Palma, no norte do país.

JYU (LFO) // VM

Lusa/Fim