"Os partidos políticos e os seus simpatizantes promoveram discursos de ódio e intimidação ao eleitorado com a recolha ilegal de cartões e dados eleitorais sem justificação nenhuma ", lê-se num relatório final da Plataforma Monitor - Justiça Eleitoral, Paz e Democracia sobre as eleições de 15 de outubro em Moçambique.

No documento, a plataforma, que congrega seis organizações da sociedade civil, denunciou cenários de agressões entre simpatizantes dos partidos políticos durante o escrutínio de 15 de outubro, além da detenção de observadores.

"As recomendações que a Plataforma Monitor deixa no seu relatório final são voltadas à melhoria do ambiente político para tolerância e respeito às diferenças partidárias", lê-se no documento, que também denuncia perseguições a ativistas moçambicanos, exigindo maior segurança.

Além da intolerância, a plataforma denunciou a instrumentalização de crianças durante a campanha, bem como tentativas de enchimento de urnas a favor do partido no poder em Moçambique, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).

"Alguns eleitores não puderam votar porque os seus nomes não constavam na lista, ou já tinham sido riscados como se já tivessem votado e ou alguém tivesse votado no seu lugar", acrescenta o documento da plataforma, que esteve a observar o processo em 20 distritos das províncias de Maputo, Gaza, Sofala, Manica, Zambézia, Nampula e Cabo Delgado.

Os resultados eleitorais anunciados pela Comissão Nacional de Eleições deram larga vantagem à Frelimo, com Filipe Nyusi reeleito à primeira volta para um segundo mandato como Presidente, com 73% dos votos.

Para o parlamento, a Frelimo conseguiu eleger 184 dos 250 deputados, ou seja, 73,6%, mais de dois terços dos lugares necessários para aprovar alterações constitucionais.

Além dos partidos da oposição, alguns dos quais já tiveram os seus recursos chumbados pelo Conselho Constitucional, várias missões de observação levantaram também dúvidas e preocupações acerca da votação.

A Comissão Nacional de Eleições de Moçambique manifestou "preocupação" com "algumas irregularidades", justificando que por isso evitou descrever as eleições gerais como livres, justas e transparentes, no anúncio dos resultados.

EYAC // PJA

Lusa/Fim