No capítulo sobre Moçambique, o relatório "O Progresso na Água Potável, Saneamento e Higiene: 2000-2017: Enfoque especial nas desigualdades", indica que a maior proporção da população moçambicana sem acesso ao saneamento vive nas zonas rurais, onde 38% dos habitantes não têm acesso a uma latrina.

Classificando a situação do país como de "alto risco" de contração de doenças relacionadas com a falta de acesso ao saneamento, o documento assinala, contudo, que se registaram avanços nos últimos anos.

"Moçambique conseguiu reduzir significativamente o fecalismo a céu aberto, com 32%, durante o período 2000-2017", lê-se no documento.

No entanto, prossegue o texto, essa cifra é insuficiente para cumprir a meta nacional de eliminar o "fecalismo" a céu aberto até 2025.

"É necessária uma aceleração, em particular as províncias que têm uma alta taxa de fecalismo a céu aberto", diz o documento.

Em termos globais, o relatório refere que mil milhões de pessoas em todo o mundo têm um acesso precário à água, saneamento e higiene e cerca de 2,2 mil milhões de pessoas não dispõem de gestão segura de água potável.

Por outro lado, 4,2 mil milhões de pessoas não têm serviços de saneamento com segurança e três mil milhões não possuem serviços básicos.

Embora tenham sido feitos progressos significativos para alcançar o acesso universal à água, saneamento e higiene básicos, há enormes lacunas na qualidade dos serviços prestados, diz o relatório.

"Mero acesso não é suficiente. Se a água não é limpa, não é segura para beber ou está longe, e se o acesso à casa de banho é inseguro ou limitado, então não estamos a ter resultados em prol das crianças do mundo", disse Kelly Ann Naylor, directora associada de Água, Saneamento e Higiene do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), citada no relatório.

Naylor defendeu que os governos devem investir nas comunidades para a superação das carências que ainda prevalecem no acesso ao saneamento básico.

O relatório estima ainda que uma em cada dez pessoas (785 milhões) ainda carece de serviços básicos, incluindo os 144 milhões que bebem água superficial não tratada.

A diretora do Departamento de Saúde Pública, Determinantes Ambientais e Sociais da Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), Maria Neira, defendeu que os países devem redobrar os esforços no acesso ao saneamento, para evitarem o fracasso no acesso universal até 2030.

"Se os países não conseguirem intensificar os esforços de saneamento, água potável e higiene, continuaremos a viver com doenças que deveriam ter sido há muito tempo confiadas aos livros de história", frisou.

PMA // PJA

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