"Os guineenses devem olhar para o candidato que tem projetos e não para o candidato que tem meios sofisticados, viaturas, camisolas", afirmou em entrevista à Lusa, salientando que não é por isso que "passa a verdade e a solução para a Guiné-Bissau".

Vicente Fernandes, advogado e empresário guineense, disse esperar que no domingo os guineenses "possam fazer juízos de valor" e escolherem "definitivamente" um chefe de Estado, que cumpra escrupulosamente a Constituição do país e seja "vigilante, para que não haja violação das regras e direitos que existem na Guiné-Bissau".

O candidato quer que os guineenses tenham a ambição de "inverter a lógica do quinquénio maléfico de José Mário Vaz", Presidente cessante do país, e "evitar que o Governo esteja permanentemente em queda".

Questionado pela Lusa sobre o que defende para sua Presidência, caso seja eleito no domingo, Vicente Fernandes afirmou que em primeiro lugar pretende criar condições para que haja estabilidade.

"Primeiro é preciso reorganizar e dar ao poder público os seus poderes. Significa que o Presidente da República tem de respeitar o princípio de separação de poderes, tem de respeitar que existe o Governo, que executa o plano de desenvolvimento, tem um programa e o Presidente tem de ser capaz de habitar e coadjuvar o poder executivo", salientou.

Segundo, continuou, o Presidente deve respeitar também o poder legislativo e judicial, porque só assim o país vai ter "estabilidade".

Vicente Fernandes defendeu também o "diálogo interno entre os vários atores políticos para obter consensos sobre aquilo que mais interessa aos guineenses no quadro de projetos de desenvolvimento, desde a saúde, educação e infraestruturas".

Mas, salientou, o Presidente não pode permitir que haja violações da Constituição.

Para Vicente Fernandes, a falta de respeito pela Constituição levou a que o país esteja na atual situação, que chegou a "fazer perigar os pilares da democracia".

"O Presidente tem de saber unir os guineenses, não tem de ver etnia e religião e isso para mim é um papel nobre", disse, considerando que o chefe de Estado é um ator privilegiado para poder combater políticas e de propostas que desunem os guineenses, nomeadamente o extremismo religioso e étnico.

No domingo mais de 700.000 guineenses vão escolher, entre 12 candidatos, o próximo chefe de Estado do país.

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