"O ponto é garantir que podemos aumentar as nossas reservas para defender a nossa moeda", disse o governante, acrescentando: "Alguns dos países já tiveram assistência financeira do FMI, agora é a altura de a Guiné Equatorial também ter".

Em entrevista à agência de informação financeira Bloomberg na Cidade do Cabo, à margem do Fórum Económico Mundial sobre África, Mba Abogo explicou que receberá uma missão técnica do FMI a Malabo ainda este mês para debater o possível acordo de cerca de 630 milhões de euros, que surge no contexto do apoio que a instituição financeira multilateral está a dar a alguns dos sete países da União Aduaneira e Económica da África Central (Camarões, República Democrática do Congo, Gabão, Chade, República Centro-Africana, Guiné Equatorial e República do Congo) mais afetados pela descida dos preços do petróleo, que caíram para cerca de metade desde o verão de 2014.

O crescimento económico abrandou significativamente desde a queda dos preços das matérias-primas, há cinco anos, e as reservas externas agregadas destes países caíram quase dois terços nos últimos três anos, cobrindo, em meados de 2017, apenas dois meses de importações devido à diminuição das entradas de capital em moeda estrangeira, levantando receios de que o franco CFA, indexado ao euro com o apoio francês, possa estar em perigo de desvalorização acentuada.

Entre os países que já têm um acordo com o FMI estão os Camarões, Gabão e Chade, que concordaram com um programa de reformas económicas para beneficiar das condições vantajosas da assistência financeira desta instituição sedeada em Washington.

A Guiné Equatorial, mesmo sem ter um programa financeiro assinado com o FMI, já começou a implementar um conjunto de reformas e vai registar este ano o primeiro Orçamento com excedente desde 2014, afirmou o ministro das Finanças, explicando que isto foi conseguido através da colocação de uma previsão conservadora relativamente ao preço do petróleo, que apesar de estar avaliado em 50 dólares por barril no Orçamento, tem cotado acima deste valor, tendo fechado a 60,95 dólares na quinta-feira.

"Aprendemos de forma dura, fizemos um ajustamento orçamental tremendo e no que diz respeito à nossa capacidade de mobilizar recursos, garantindo que a nossa coleta fiscal pode ser melhor", disse o governante da Guiné Equatorial, que enfrenta uma recessão económica desde 2015 e um nível de dívida pública na ordem dos 42%, que deverá ser o melhor da sub-região, concluiu o governante.

MBA // VM

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