"Não vejo a opção de não haver eleições por causa disso [contestações à liderança do principal partido de oposição], já tivemos eleições com um número muito mais elevado de pessoas que tinha armas", declarou Joaquim Chissano, falando à imprensa em Maputo, à margem de uma cerimónia pública em Maputo.

Em causa estão os recentes pronunciamentos de um grupo de guerrilheiros da Renamo, que, através de uma conferência de imprensa, exigiram a demissão de Ossufo Momade, presidente do partido, e ameaçaram-no de morte, caso não acate a exigência de renúncia, acusando-o de estar a destruir aquela organização.

Para o antigo chefe de Estado moçambicano, apesar de ser necessário avaliar se os guerrilheiros "representam algum perigo", a contestação à liderança do partido opositor não vai afetar as eleições gerais de 15 de outubro.

"Nós também, durante a luta de libertação, tivemos desertores, mas não nos impediram de realizar os nossos objetivos. Espero que também na Renamo os desertores não se imponham à maioria da organização e que a Renamo possa prosseguir com o objetivo da pacificação".

Em resposta, na quinta-feira, o porta-voz da Renamo, José Manteigas, desvalorizou a situação, chamando desertor ao oficial que falou em nome dos revoltosos.

O Governo moçambicano e a Renamo continuam a negociar uma paz definitiva em Moçambique, tendo as partes previsto que até agosto, antes das eleições, seja assinado um acordo de paz no país.

Um dos pontos mais complexos das negociações tem sido a questão do desarmamento, desmobilização e reintegração dos homens armados da Renamo.

O principal partido da oposição exige a presença dos seus quadros no Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE) e nas academias militares, o que não tem tido resposta por parte do executivo moçambicano.

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