"O que sabemos agora é que as mulheres parecem ser mais afetadas pela permanência do que os homens, pois são as únicas responsáveis pela culinária e pelo ensino em casa", sublinhou a investigadora da Universidade de Macau, especializada em meio ambiente, bem-estar, movimentos sociais, moralidade e ética.

Quanto a possíveis conflitos familiares, Lou sublinhou que "embora a permanência em casa possa significar mais tempo feliz e de qualidade para algumas famílias, os casais que lutam no seu relacionamento conjugal terão dificuldade em ficar num pequeno apartamento 24 horas por dia, sete dias por semana".

A docente, doutorada em Oxford e que tem o foco de trabalho na China, incluindo Hong Kong, Macau e Taiwan, lembrou que neste cenário os conflitos não se resumem a marido e mulher, "mas também entre filhos e pais, com os sogros, etc".

Algo que tem muito interesse em acompanhar quando a epidemia estiver sob controlo, de forma a poder responder, por exemplo, à questão se a permanência prolongada das famílias em casa precipitou o fenómeno de violência doméstica, apesar de não terem sido relatados casos nos 'media' e de, "em Macau, como em outros lugares, a violência doméstica ser considerada 'vergonha doméstica' que não deve ser divulgada", frisou.

Uma das primeiras medidas do Governo de Macau para combater o risco de contágio passou por suspender as aulas, enviar milhares de alunos e funcionários públicos para casa.

O fecho dos casinos e a paralisação económica 'empurrou' a esmagadora maioria das pessoas para os seus apartamentos, com as autoridades a encerrarem mesmo parques, jardins públicos e trilhos, desdobrando-se em apelos para que a população se mantenha em casa.

Em Macau existem atualmente cinco casos de pessoas infetadas com o novo coronavírus, depois de outras tantas terem recebido alta hospitalar.

O número de mortos devido ao novo coronavírus na China continental subiu hoje para 1.770 na China continental e o de infetados ascende a 70.548.

Das 105 mortes registadas nas últimas 24 horas, 100 ocorreram em Hubei.

Além de 1.770 mortos na China continental, há a registar um morto na região chinesa de Hong Kong, um nas Filipinas, um no Japão e um em França.

As autoridades chinesas isolaram várias cidades da província, situada no centro da China, para tentar controlar a epidemia, uma medida que abrange cerca de 60 milhões de pessoas.

JMC // EJ

Lusa/Fim