"Andrew Pearse sugeriu no seu depoimento que teve um papel muito além do seu verdadeiro nível de influência no Credit Suisse", disse um porta-voz do construtor naval libanês, em declarações à agência de informação financeira Bloomberg.

"As alegações de Pearse contra a Privinvest e contra Safa são completamente infundadas" e foram obtidas depois de vários meses de pressão, o que diminui o seu valor enquanto prova credível, acrescentou o porta-voz do antigo banqueiro.

Na declaração ao tribunal em julho, Andrew Pearse, um dos três banqueiros do Credit Suisse detidos no âmbito da investigações norte-americanas ao escândalo das dívidas ocultas contraídas por empresas moçambicanas no valor de 2,2 mil milhões de dólares (dois mil milhões de euros), disse que o diretor executivo da Privinvest estava ao corrente dos milhões de dólares pagos em subornos a vários moçambicanos, entre os quais o antigo ministro das Finanças Manuel Chang.

Em julho, a Procuradoria Geral da República de Moçambique interpôs um processo num tribunal londrino contra a Privinvest e contra o seu diretor executivo, Iskander Safa no seguimento das declarações de Pearse, que saiu do banco suíço em 2013 e foi trabalhar para uma unidade da Privinvest.

As declarações do responsável a Privinvest são o mais recente capítulo do processo das dívidas ocultas de três empresas públicas moçambicanas, que já levou à detenção do antigo ministro das Finanças Manuel Chang e de um dos filhos do antigo Presidente Armando Guebuza, para além de três banqueiros do Credit Suisse e vários responsáveis governamentais moçambicanos.

Na investigação, a Justiça norte-americana acusa membros do anterior Governo de Moçambique, a Privinvest e três ex-banqueiros do Credit Suisse de terem criado um falso projeto de defesa marítima para receberem mais de 200 milhões de dólares em subornos para si próprios em acordos assinados em 2013 e 2014.

A descoberta de empréstimos contraídos com aval do Estado mas sem registo nas contas públicas e sem divulgação aos parceiros internacionais levou os doadores a cortarem a assistência internacionais e as agências de rating a descerem a opinião sobre o crédito soberano.

Em consequência, aumentou o rácio da dívida pública sobre o PIB, o que arredou o país do financiamento internacional, atirando Moçambique para 'default' e para uma crise económica e financeira que ainda persiste.

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