Segundo o porta-voz da BNN, Slamet Pribadi, "há muitas mulheres" a traficar droga proveniente da Nigéria e isto é um "problema não só para a ASEAN [Associação das Nações do Sudeste Asiático], mas também para Timor-Leste".

"Os grandes chefes [do tráfico internacional] são da Nigéria e da China" e a droga passa "pela Malásia para depois chegar à Tailândia, Timor-Leste, Indonésia e Filipinas", disse.

Os Estados-membros da ASEAN já concordaram em cooperar no desenvolvimento da segurança portuária no âmbito da luta antidroga e, entre este ano e o próximo, os dez países vão discutir como lidar com o problema das drogas provenientes da Nigéria, sendo que Timor-Leste, que ainda não faz parte do grupo, será convidado a participar, adiantou.

Questionado sobre números relativos à entrada de droga na Indonésia via Timor-Leste nos últimos anos, Slamet Pribadi recuou até 2012 para dar o exemplo de dois casos de tráfico de seis quilos de metanfetamina, afirmando não ter mais dados.

O tráfico de droga proveniente de Timor-Leste não é "muito grande" comparativamente ao que é apanhado nas rotas ligadas à Malásia e a Singapura, mas o porta-voz da BNN está preocupado com a falta de segurança no país mais recente do Sudeste Asiático.

"A forma mais fácil para fazer entrar narcóticos ilegalmente na Indonésia é por Timor-Leste, porque há falta de segurança no aeroporto [de Díli]", onde nem existem equipamentos de "raio-x para ver o que está dentro das malas", alertou.

Depois disso, a droga é transportada para a Indonésia pelas fronteiras terrestres ou por via marítima.

As autoridades policiais timorenses estão em conversações com a BNN para receber formação na luta contra o tráfico, sobretudo na área da "aplicação da lei", acrescentou, respondendo que o treinamento deverá começar "o mais rápido possível", sem arriscar uma data.

Em declarações à agência Lusa, Slamet Pribadi defendeu que Timor-Leste deveria aplicar a mesma "legislação firme" que está em vigor na Indonésia para lutar contra o problema e assim "tentarmos juntos reduzir as drogas ilegais" na região.

O maior país do Sudeste Asiático tem uma das leis antidrogas mais rígidas do mundo, que inclui a pena de morte, enquanto a pena máxima para quaisquer crimes em Timor-Leste é de 25 anos de cadeia, podendo ser aumentada para os 30 em casos especiais.

"Se somente a Indonésia for muito rígida, aplicando um castigo muito forte, eles vão correr para Timor-Leste", alertou.

A Indonésia retomou este ano as execuções de traficantes por fuzilamento, com o Presidente Joko Widodo a justificar que todos os dias morrem entre 40 a 50 indonésios por causa de narcóticos, um número contestado por alguns especialistas.

Depois de ter executado este ano 14 pessoas, entre as quais dois brasileiros, o país tem ainda 72 pessoas ligadas ao narcotráfico no corredor da morte, nenhuma delas oriundas de países oficiais de língua portuguesa, de acordo com o mesmo responsável.

Slamet Pribadi espera que todas as execuções aconteçam "este ano", para tentar dissuadir eventuais traficantes de entrar no país, mas tal depende de decisões judiciais.

Contudo, a próxima ronda de execuções deverá acontecer no próximo ano, de acordo com o gabinete da Procuradoria-Geral citado pela imprensa indonésia.

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