CP com novos horários, mas atrasos, supressões e avarias continuam

  • ECO
  • 9 Agosto 2018

Já entraram em vigor os novos horários da CP, mas estes não evitaram que houvesse nove supressões de comboios no Algarve, seis no Alentejo, cinco no Oeste, sete em Cascais e dois no Vouga desde então.

A entrada em vigor dos novos horários da CP no passado domingo, dia 5 de agosto — com o objetivo de reforçar a oferta, devido à escassez de material circulante, para melhorar o serviço prestado — não se traduziu, contudo, numa descida do número de episódios que tem afetado a rede: as supressões de comboios (muitas vezes sem transbordo rodoviário), as avarias e os atrasos continuam.

Segundo avança o Público (acesso condicionado), na linha do Algarve foram suprimidos três comboios devido a avaria das automotoras nesse mesmo domingo. Seguiram-se duas supressões na segunda-feira, três na terça-feira e uma ontem. Em dois destes casos, a CP não disponibilizou autocarro, pelos que os passageiros ficaram nas estações sem qualquer informação sobre alternativas de viagem.

Sendo o caminho-de-ferro sistémico, o atraso de um comboio repercute-se noutros. No caso do Algarve, comboios suprimidos ou atrasados implicaram tempos de espera nas ligações a outras composições em Faro e Tunes.

Durante estes três primeiros dias do novo plano de horários da transportadora pública, as supressões afetaram 30 comboios que acumularam atrasos de 593 minutos — cerca de dez horas, no total.

Os novos horários também começaram mal no Alentejo. Entre Cuba e Vila Nova da Baronia foram suprimidos seis comboios no dia 6 de agosto, dois dos quais não tiveram alternativa rodoviária. Em causa estava a automotora que circula naquela linha, que já funcionava com avarias há alguns dias sem que a CP tivesse possibilidades de a substituir.

Em relatos ao jornal, alguns passageiros contaram que esperaram na estação de Alvito por um comboio que não chegou e que vieram a saber mais tarde que o autocarro fretado pela CP parara no centro da vila, a dois quilómetros da estação sem que estes soubessem desse transporte alternativo.

Ainda no Alentejo, os Intercidades para Évora, que habitualmente deveriam ser feitos com composições de máquina e carruagens, foram substituídos por simples automotoras UTE (Unidades Triplas Elétricas), vocacionadas para o serviço regional. No dia 6 de agosto foi só um, mas até ao próximo dia 13 todos os comboios daquela ligação serão realizados por automotoras. Trata-se de uma opção da CP destinada a reforçar os Intercidades do Algarve com mais carruagens, retirando-as, por isso, de Évora.

Na linha do Oeste, onde as supressões já tiveram início em janeiro de 2017, a CP reduziu agora de seis para três as ligações em cada sentido entre Caldas da Rainha e Leiria e de oito para seis entre Caldas e Lisboa. Já em março eliminara do horário dois comboios diários para ajustar o pouco material circulante à sua oferta regular.

Ainda assim, entre domingo e esta quarta-feira, dia 8, foram já suprimidos cinco comboios. A CP não os substituiu por transporte alternativo em autocarro.

Problemas do costume e outros casos invulgares

O jornal Público dá ainda conta de que no Algarve, Alentejo e Oeste o serviço é feito com UDD (Unidades Duplas Diesel) que datam de 1965, tendo sido modernizados em 1999. Há muito que ultrapassaram o seu período de vida útil, pelo que as avarias são frequentes. Na terça-feira houve uma UDD avariada que realizou quatro comboios no Algarve e outra, também avariada, que realizou outros quatro comboios no Alentejo.

Também conhecidos pela sua antiguidade, estão os comboios da linha de Cascais. Há algumas composições cuja caixa data de 1926, mas a maioria são dos anos 60 do século passado. Também foram modernizados, mas os motores mais recentes datam de 1979. No domingo, a CP reduziu a oferta também nessa linha para poupar material, mas desde então foram suprimidas cinco circulações na segunda-feira e duas na terça-feira.

No longo curso, os alfas pendulares têm-se aguentado sem supressões, mas na terça-feira um avariou em Vizela, pouco antes de chegar a Guimarães, onde ficou parado duas horas e três minutos até ser reparado. Já no dia anterior um Alfa Pendular para o Algarve teve também uma avaria que o obrigou a reduzir a velocidade, chegando a Faro com uma hora de atraso.

Nos Intercidades, nestes primeiros dias da nova oferta da CP, registaram-se avarias no ar condicionado de um comboio entre Porto e Lisboa, tendo os passageiros sido transferidos para outras carruagens da mesma composição e sido bloqueada a venda de bilhetes para os lugares do veículo que ficou sem climatização.

Na linha do Vouga, o motivo pelo qual foram suprimidos na terça-feira dois comboios entre Espinho e Oliveira de Azeméis foi, no mínimo, caricato: não se tratou de uma avaria. Como a automotora não tinha fita registadora e, pelo regulamento, não pode circular sem ela, foi suprimida.

Igualmente invulgar foi o motivo que levou o comboio do Entroncamento para Badajoz a perder duas horas e 21 minutos. A automotora embateu numa vaca e ficaram, ambas, em muito mau estado. Por sorte, naquela zona, algures entre Torre das Vargens e Chança, havia rede de telemóvel e foi possível ao revisor pedir socorro (uma outra automotora foi rebocar a que ficou acidentada) porque na linha do Leste há secções onde não é possível comunicar desde o comboio com o centro de controlo operacional.

Na passada terça-feira, a CP registou atrasos em 290 comboios num total de 52 horas e meia, dos quais 59% tiveram origem em problemas com o material circulante e 15% em problemas na infraestrutura — a cargo da Infraestruturas de Portugal (IP).

Na segunda-feira passada, o secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme W. d’Oliveira Martins, já se tinha manifestado sobre a situação ao afirmar que “há uma ideia errada de que não há comboios suficientes e que os passageiros estão a perder qualidade de serviço”.

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