Turismo de negócios potencia desenvolvimento económico. O caso de Barcelona.

O turismo de negócios pode ajudar a dinamizar a economia? A resposta está nos números referentes a Barcelona, que em 2017, voltou a liderar o ranking das cidades que mais eventos acolheu.

Os números de Barcelona relativos ao turismo de negócios impressionam até os menos impressionáveis. A cidade, que foi palco de um ataque terrorista no verão passado e, que vive momentos políticos conturbados, com as pretensões do governo da Catalunha em tornar-se independente, voltou a conquistar o primeiro lugar no mundo entre as cidades que mais eventos acolhe, de acordo com os critérios da ICCA- International Congress and Convention Association.

Elena Altemir, representante do Barcelona Convention Bureau, em declarações ao ECO, à margem da conferência sobre Turismo de Negócios que teve lugar esta quinta-feira, em Braga, iniciativa inserida no âmbito da terceira semana de Economia, diz que “estes dados só são possíveis graças ao muito trabalho que temos feito ao longo dos anos e sobretudo porque esta é uma indústria de pessoas e feita para pessoas e é essa confiança que nos fez superar os constrangimentos externos”.

Para Elena Altemir, “Portugal está também no bom caminho, nesta área”. A responsável pelo turismo catalão diz mesmo que “Portugal está a fazer um caminho estupendo“. E adianta: “Espreitei os últimos dados da ICCA e Portugal aparece em sétimo lugar a nível europeu e em 11º a nível mundial”.

Durante a apresentação que fez, Altemir deixou o recado de que é preciso ter em conta que na promoção dos destinos não se trabalha para o curto prazo. “Vendes o teu destino, mas o trabalho tem de ser persistente até porque só no médio/longo prazo é que vais conseguir resultados”.

Em Barcelona, o trabalho é feito em regime colaborativo entre o setor público e o setor privado. E os resultados estão à vista: até 2025, a cidade tem já confirmados 171 congressos e um total de 436.510 delegados, isto depois de, em 2017, ter acolhido 2.134 reuniões profissionais entre congresso (561) e eventos corporate (1573).

Estes dados diz, Elena Altemir, dão “confiança ao setor privado para continuar a investir, quer em novos projetos, quer na renovação de infraestruturas que já existem”.

Uma indústria a desenvolver em…Braga

O tema escolhido pela InvestBraga, entidade responsável pela terceira semana de Economia da cidade não foi uma escolha aleatória. A cidade inaugurou recentemente o Fórum Braga, um edifício construído para que que Braga se possa posicionar como “destino de turismo de negócios“.

Carlos Oliveira, presidente da InvestBraga diz que “o valor do turismo dos negócios é importante para o desenvolvimento do país, numa altura em que temos um ‘boom’ de turismo em Portugal”. Foi de resto, a pensar nisso, que Braga investiu nove milhões de euros no Fórum, com o objetivo de “posicionar Braga como um destino turismo de negócios, no norte e no noroeste peninsular, capaz de atrair e acolher eventos nacionais e internacionais”. O que leva Oliveira a afirmar orgulhoso: “Temos o maior auditório da região norte e a segunda maior sala de espetáculos do país”.

Até porque, realça Carlos Oliveira, “o turismo de negócios tem um efeito colateral, potencial de desenvolvimento da região através desta estratégia”.

O que pensam as empresas

Falar de turismo de negócios é hoje diferente do que era há dez anos atrás. Pedro Rodrigues, diretor geral da Desafio Global, empresa organizadora de eventos corporativos que já conquistou mais de 115 prémios nacionais e internacionais, diz que “este é um mercado que tem evoluído muito nos últimos anos“.

Uma evolução “num mercado muito complexo, quase sempre eventos à porta fechada, e onde a segurança e a confidencialidade assumem importante papel”.

O gestor faz mesmo paralelismos com o teatro. Hierarquias, tarefas perfeitamente definidas, guiões, tudo isso existe, afirma mas “sofrem alterações até no decurso do evento”.

Outro dos problemas é que as empresas hoje “pedem eventos com quatro mil pessoas para o Altice Arena, com 72 horas de antecedência”, a que se junta ainda, “a falta de espaços com dimensão“. A escolha dos espaços é, de resto, uma questão secundária para o cliente, que só “pensa em fazer o mesmo evento do ano anterior mas com um orçamento menor e com maior impacto”. Pedro Rodrigues diz que na profissão “há uma trilogia sagrada: catering, audiovisuais e os espaços”.

Numa espécie de conselho a quem quer singrar no meio, Pedro Rodrigues lembra que “é importante perceber e conhecer quem tomas as decisões sobre os eventos nas empresas”.

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