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Setor agroalimentar pode ser neutro em emissões em 2050, garante Banco Mundial

O BM nota no relatório que o setor agroalimentar deve reduzir as emissões a zero até 2050, para evitar uma subida das temperaturas globais acima dos 1,5 graus centígrados em relação à época pré-industrial, sendo necessário aumentar o investimento na redução das emissões.
7 Maio 2024, 11h00

O sistema agroalimentar global pode ser neutro em emissões de gases com efeito de estufa, ao mesmo tempo que se torna mais resistente às alterações climáticas, e sem prejudicar os mais vulneráveis, garante o Banco Mundial (BM).

Num relatório hoje divulgado o BM diz que essa neutralidade é a “Receita para um Planeta Habitável”, e identifica áreas de ação para os países e ações a nível nacional e global que podem reduzir as emissões.

No documento, o BM alerta que o setor contribui mais para as alterações climáticas do que se julga, com quase um terço das emissões globais de gases com efeito de estufa a vir do setor agroalimentar.

As maiores emissões do setor, dois terços, acontecem em países de rendimento médio, onde as economias e as populações estão a crescer, com os países ricos a registarem as emissões mais elevadas por pessoa e os pobres a contribuírem com pouco mais de um décimo das emissões globais.

O BM nota no relatório que o setor agroalimentar deve reduzir as emissões a zero até 2050, para evitar uma subida das temperaturas globais acima dos 1,5 graus centígrados em relação à época pré-industrial, sendo necessário aumentar o investimento na redução das emissões.

“Estimamos que os investimentos anuais terão de aumentar 18 vezes para reduzir para metade as atuais emissões agroalimentares até 2030 e colocar o mundo no caminho das emissões líquidas nulas até 2030”, refere o relatório.

O BM admite que no processo pode haver perda de postos de trabalho, e se não houver cuidado o abastecimento alimentar pode ser perturbado. Mas avisa que os riscos e nada fazer são maiores, porque a inação também leva a perdas de emprego e depois tornaria o planeta inabitável.

Nas contas do BM o investimento na redução das emissões terá benefícios em termos de saúde, da economia e do ambiente que poderão ascender a 4,3 biliões de dólares em 2030, mais do que o valor da economia alemã.

Parte do financiamento pode ser feito pela transferência de verbas de subsídios supérfluos, defende. “Os custos são estimados em menos de metade do montante que o mundo gasta todos os anos em subsídios agrícolas, muitos dos quais são um desperdício e prejudiciais para o ambiente”.

O BM nota ainda que a maior parte das oportunidades de redução de emissões agroalimentares estão nos países de desenvolvimento médio, especialmente em 15 desses países.

Para essa redução propõe práticas pecuárias com baixas emissões, utilização sustentável do solo, processos de pré e pós-produção mais ecológicos, a redução da conversão das florestas em terrenos de cultivo ou pastagens, a promoção da reflorestação, a redução do metano no gado e nos arrozais, e a luta contra o desperdício.

Os países ricos podem reduzir as emissões de energia, ajudar os países mais pobres na transição, e influenciar o consumo transferindo os subsídios à carne vermelha e aos laticínios para alimentos com baixas emissões, como aves, frutas e legumes.

Já os países mais pobres devem aproveitar as oportunidades das economias mais ecológicas, das práticas agrícolas melhoradas e inteligentes, e sobretudo preservar as florestas.

No relatório o BM diz que a alimentação dos humanos está a tornar o planeta doente e que há medidas que podem ser tomadas cujos custos são estimados em cinco por cento dos triliões de dólares que o mundo gastou em 2022 em subsídios aos combustíveis fósseis, muitos “um desperdício e prejudiciais ao ambiente”.

Aos países ricos o BM pede que acelerem as energias renováveis, que ajudem os países mais pobres e que olhem para o seu próprio consumo alimentar, “uma grande parte do problema”.

Aos países de rendimento médio o BM acena com as oportunidades de negócios mais sustentáveis e rentáveis, e aos mais pobres pede que aproveitem as tecnologias já existentes e conservem e restaurem ecossistemas.

O setor privado deve agir para se antecipar à pressão crescente de governos e consumidores no sentido da sustentabilidade, a sociedade civil e os agricultores devem também pressionar os decisores políticos nesse sentido, e aos consumidores pede-se que se tornem mais informados, sabendo mais sobre a origem dos seus alimentos.

“A comida na sua mesa pode saber bem, mas a forma como é produzida pode provocar alterações climáticas, poluir o planeta, invadir habitats naturais, provocar a perda de florestas e muito mais. A boa notícia é que, se todos agirmos agora, os alimentos podem ajudar a curar o planeta”, apela o Banco Mundial.

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