Dados divulgados à Lusa por Constantino Soares, presidente da Autoridade Portuária de Timor-Leste (Aportil), mostram que a queda do ano passado surge depois de em 2017 se ter registado o maior volume de importação de contentores de sempre: 24.418.

"Como em todo o mundo, o porto é sempre considerado o barómetro da economia nacional. No caso de Timor-Leste, por aqui passam 95% das mercadorias que são importadas", explicou.

A queda - um dos exemplos do impacto que o impasse político teve na economia nacional - implica que o volume de importação de contentores regressou a níveis de 2013.

E ao mesmo tempo mostra o recuo da economia depois do 'boom' verificado em 2016, especialmente em projetos de construção de infraestruturas básicas e, por consequência, o maior consumo.

A quebra do último ano nota-se igualmente no transporte de contentores partilhados, conhecidos como LCL (Less than Container Load ou menos de um contentor), em que importações mais pequenas são juntas num único contentor.

Os LCL também tiveram uma quebra e alguns importadores em mais pequena escala referem haver mais tempo de espera para a chegada da sua encomenda, sinal de que o LCL demorou mais tempo a ficar completo.

Constantino Soares explicou que o porto está hoje a funcionar melhor, com menos tempo de processamento de contentores, depois de atrasos no passado levarem a tarifas de penalização -- de entre 300 e 500 dólares por contentor - aplicadas por armadores.

Nos últimos anos, a Aportil implementou um conjunto de medidas, incluindo alterações em horários de operações e a aplicação de limites no tempo de descarregamento de navios, especialmente de arroz e cimento.

"Um navio com 2.700 toneladas de arroz ou cimento só tem três dias para descarregar. Cinco mil toneladas, damos cinco dias, e sete mil toneladas, damos uma semana. No passado descarregar 2.700 toneladas chegava a demorar 10 dias. Isso causava demoras", explicou.

"Também limitámos o tempo nas operações de contentores. Há um prazo limite de descarregamento de 36 horas, mas conseguimos descarregar um navio, com cerca de 100 contentores, em menores de 24 horas", disse.

O responsável da Aportil defendeu que mais podia ser feito, mas que a instituição continua a deparar-se com várias dificuldades, nomeadamente o facto de ter infraestruturas degradadas e a precisar de intervenções urgentes.

Reforçar a capacidade técnica dos recursos humanos e aumentar o orçamento disponível são outras das metas, concluiu.

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