O político Vítor Constâncio está de volta… no Twitter

Há dias era vice-governador do imponente BCE, mas hoje Vítor Constâncio parece assumir-se como observador da política europeia no Twitter. E já criticou as propostas franco-alemãs para a Zona Euro.

Despiu o fato de banqueiro central ainda há poucas semanas e, agora que está longe dos holofotes do Banco Central Europeu (BCE), o velho político Vítor Constâncio parece estar de volta… no Twitter. E já fez tiro ao alvo: as propostas de Angela Merkel e Emmanuel Macron para reformar a Zona Euro. Vem aí um privilegiado observador de política europeia?

“Alguns pontos positivos em sinais esperançosos no documento Meseberg, mas tudo junto é demasiado roseado. 12 países escreveram contra Meseberg, em negação da responsabilidade coletiva pela união monetária. Vamos esperar para ver as decisões da Cimeira mas a Europa parece apenas estar à espera da próxima crise”, escreveu o antigo ministro das Finanças e líder socialista, numa das entradas mais recentes da sua conta no Twitter que conta já com quase 2.000 seguidores.

Dias antes, Constâncio já tinha adiantado: “Estou de acordo que o novo documento [conjunto dos governos alemão e francês] é menos positivo do que a declaração de Meseberg inicial. Mata a possibilidade de se construir um ativo seguro europeu e isso é mau para a União Bancária e para a União dos Mercados de Capitais. Acrescenta metas cegas e iguais para o malparado“.

Não foram os únicos tweets Constâncio sobre as propostas do bloco franco-alemão para renovar a moeda única.

Sobre o documento original, que entretanto foi atualizado, o português dizia: “Poucos pontos positivos na defesa e imigração mas [os pontos sobre] a União Monetária Europeia não se adequam aos objetivos. EDIS [Sistema Europeu de Seguro de Depósitos] adiado, sem calendário. Não há função de estabilização. Atualização desnecessária do ESM [Mecanismo Europeu de Estabilidade], dentro do Tratado mas mantendo… as principais características da governança. O debate vai continuar em futuras rondas”, referiu o antigo vice-governador do BCE.

Os mais importantes assuntos internacionais da atualidade não escapam à sua análise. Constâncio já abordou o tema da guerra comercial dos EUA com vários parceiros. Trump e o Brexit parecem ser tópicos que lhe interessam particularmente: são vários os tweets e retweets que já fez durante a sua ainda curta presença nas redes sociais.

“Factos importantes. Os EUA têm um excedente de 650 milhões de dólares com o Canadá com lacticínios. Infelizmente, na cultura política populista, os factos não interessam. As mentiras confirmam o enviesamento das bases políticas. As nossas democracias estão em grandes sarilhos…”, escreveu numa entrada publicada a 18 de junho.

Apesar da variedade de temas, os quais têm merecido uma observação sempre na língua inglesa, Constâncio já avisou que não vai fazer comentários sobre a política monetária do BCE “durante um longo período de tempo, pelo menos seis meses ou muito provavelmente um ano”. Foi o que disse quando partilhou um tweet a 14 de junho, dia em que o banco central — que ajudou a liderar nos últimos oito anos — anunciou o fim dos estímulos.

“Poderei, no entanto, discutir assuntos sobre os enquadramentos da política monetária no médio prazo”, acrescentou de seguida.

Mas política monetária do BCE não será o único tabu de Constâncio. O antigo governador do Banco de Portugal também não vai falar sobre dívida pública portuguesa nem sobre a economia portuguesa nos próximos anos.

“Nunca fui especialista do tema académico da dívida pública. (…) Precisarei pelo menos de dois anos, nos intervalos dos compromissos no estrangeiro que já assumi, para me pôr a par da evolução da economia portuguesa“, disse numa carta enviada aos deputados, explicando por que razão declinou o convite para fazer uma avaliação do tema da elevada dívida pública portuguesa no Parlamento português.

Disse que precisava de umas “merecidas férias”. E, pelos vistos, o telemóvel vai na bagagem.

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