"O banco tem neste momento em moratória 27% do seu crédito a clientes, sendo que tem cerca de 6,9 mil milhões [de euros] em moratória, dos quais 40 mil clientes", disse aos jornalistas na conferência de imprensa de apresentação de resultados de 2020 (prejuízos de 1.329,3 milhões de euros).

António Ramalho disse que em 2020 "houve um processo de imparização das moratórias adequado, visando a constituição de provisões", que ascenderam a 268,8 milhões de euros, dos quais 250 milhões sobre o balanço recorrente e mais 18 sobre o legado do BES.

Mais tarde, em resposta aos jornalistas, classificou a questão das moratórias como sendo "seriamente complexa".

"É inegável que isto coloca um risco sobre a estrutura da economia portuguesa. Negá-lo é o pior que poderíamos fazer. Enfrentá-lo passa por três movimentos específicos", disse.

Um dos movimentos é "analisar profundamente, através de sistemas de inquérito, análise e 'rating' aquilo que eram os efeitos que as moratórias poderiam ter", e determinar as imparidades correspondentes.

Outro, segundo António Ramalho, é ter "equipes que estejam a falar neste momento sobre as soluções adequadas a todos os elementos centrais da saída das moratórias".

Em terceiro lugar, o gestor disse que "as moratórias são um assunto para resolver já, não para adiar para setembro".

"Não deixemos para setembro o que podemos fazer em março. Não deixemos para 2022 o que se pode fazer em 2021", salientou o presidente executivo, dizendo que "a banca não se faz por adiar problemas".

"Eu acho que se não entendemos isto não entendemos nada", refere o líder do banco.

De acordo com dados do Banco de Portugal (BdP), cerca de 33,2% do valor de empréstimos às empresas e 16,1% do total de empréstimos aos particulares estavam sob moratória no final de janeiro, num montante de 24 e 20 mil milhões de euros, respetivamente.

Segundo as novas estatísticas mensais do banco central, sobre moratórias de crédito, que passam a ser divulgadas no último dia útil de cada mês, no final de janeiro tinham empréstimos em moratória 54 mil sociedades não financeiras (22,4% do total de empresas devedoras) e 408 mil particulares (8,8% do total de devedores).

As empresas de alojamento e restauração eram as que mais se destacavam, com 57% do montante dos seus empréstimos abrangidos por esta medida.

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