"No futuro quem importar plástico de uso único, incluindo sacos plástico, precisa de ter uma licença especial. E aplicaremos um custo adicional, uma taxa de reciclagem, de cerca de 30% sobre o valor desses produtos importados", disse à Lusa Demétrio de Amaral de Carvalho.

O secretário de Estado explicou que esta é uma de várias medidas que estão a ser tomadas para lidar com vários problemas ambientais, especialmente o controlo do plástico e do restante lixo em Timor-Leste.

Falta de educação ambiental, maus hábitos no tratamento do lixo e deficientes sistemas de drenagem contribuem para o problema que tem vindo a crescer exponencialmente com o desenvolvimento económico e a crescente importação.

Timor-Leste não produz plástico, mas os supermercados e lojas estão cheias de produtos que recorrem a plástico a que se somam toneladas de garrafas de água vendidas diariamente na cidade.

É comum ver donos de lojas ou restaurantes a deitar dejetos nos canais de irrigação ou ribeiras.

Apesar de haver cada vez mais contentores de lixo -- são ainda insuficientes --, nos locais onde existem, os cidadãos optam, na maior parte dos casos, por deitar o lixo no chão ao lado dos contentores, que depois -- especialmente agora na época das chuvas -- é arrastado para o mar.

Brigadas de lixo andavam hoje, em vários pontos da cidade, a recolher lixo acumulado durante vários dias, limpando praias, ruas e bairros onde, em alguns casos, não tinha havido recolha nas últimas duas semanas.

Zonas de grande produção de lixo -- como o mercado de Taibessi, no centro da cidade -- acumulavam esta semana várias toneladas de lixo, deixando um cheiro nauseabundo em toda a zona.

O secretário de Estado explicou que, por estes motivos, o Governo quer reforçar a implementação do regulamento que vigora desde 2008 sobre o controlo da poluição e gestão de lixo, na tentativa de "encorajar a sociedade a ter mais cuidado e gerir o seu lixo de melhor forma.

Esse decreto-lei de "higiene e ordem pública" já prevê multas de entre cinco e 500 dólares americanos para quem poluir, que aumentam para o dobro em caso de empresas,

Demétrio de Carvalho falava à Lusa à margem do lançamento pelo grupo de supermercados Kmanek de sacos ecológicos, feitos de cassava, uma alternativa inventada em Bali, na Indonésia, que são não-tóxicos, naturais e se dissolvem na água sem qualquer dano ao ambiente.

"Cerca de 20% de todo o lixo que recolhemos em Díli é plástico", explicou.

"Esta intervenção no mínimo vai contribuir para uma sensibilização sobre o perigo do uso de plástico de uso único. Os sacos plásticos são um dos itens que mais polui o nosso ambiente e esta intervenção contribui para diminuir a quantidade de plástico no lixo", disse.

Clarence Lim, responsável máximo do grupo Kmanek, disse à Lusa que se trata da medida mais recente da empresa para promover melhor gestão ambiental.

"Decidimos fazer isto como contributo para a sociedade timorense. As pessoas compram coisas cá no supermercado e quando lhes dou um saco plástico estou a dar-lhes uma coisa tóxica, venenosa. E isso não quero", afirmou.

"Esta alternativa custa duas ou três vezes mais, mas estamos a falar de um valor muito baixo ainda assim. E penso que o que eles levam no saco justifica que gastemos esse valor mais. É uma forma de evitar lixo", disse.

Várias outras iniciativas, de Governo, setor privado e organizações não-governamentais estão a ser tomadas atualmente em Timor-Leste para lidar com o problema.

O plástico é um dos maiores problemas ambientais no sudeste asiático, com os oceanos da região a registarem elevados níveis de poluição deste tipo de lixo, que continua a aumentar significativamente.

Vietname, Filipinas e Indonésia estão entre os maiores poluidores de plástico do mundo.

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