De acordo com o recente relatório do Banco de Cabo Verde (BCV), que detalha as importações e exportações do arquipélago, o país importou de janeiro a maio deste ano mais de 5.697 milhões de escudos (51,5 milhões de euros) em todo o tipo de combustíveis, contra os 3.012 milhões de escudos (27,3 milhões de euros) em igual período de 2021, um aumento homólogo de 89%.

Contudo, só em maio, essa fatura ascendeu a mais de 1.565 milhões de escudos (14,2 milhões de euros), já com o efeito da escalada de preços provocada pela guerra na Ucrânia e com a retoma económica a fazer-se sentir no arquipélago através do turismo, quando no mesmo mês de 2021 essas importações custaram 582 milhões de escudos (5,2 milhões de euros).

Cabo Verde não tem capacidade de refinação nacional e depende da importação de combustíveis fósseis também para a produção de cerca de 80% da eletricidade de que necessita.

A escalada de preços no mercado internacional já tinha levado o Governo cabo-verdiano a suspender o mecanismo de fixação de preços de venda combustíveis aos consumidores. Entretanto, o Governo admitiu que as medidas de mitigação dos aumentos dos preços dos combustíveis devido ao impacto da guerra na Ucrânia vão exigir um esforço financeiro de 45,3 milhões de euros ao Estado de Cabo Verde.

O anúncio foi feito em 01 de julho pelo ministro da Indústria, Comércio e Energia, Alexandre Monteiro, em conferência de imprensa para anunciar novas medidas para mitigar esses impactos. Lembrou que desde início do conflito o Governo tomou medidas emergenciais de estabilização dos preços, entre as quais a suspensão entre abril e junho do mecanismo de fixação de preços dos combustíveis, que evitaram que as famílias e empresas sofressem um impacto de mais de 300 milhões de escudos (2,7 milhões de euros).

A Lusa noticiou anteriormente que Cabo Verde importou o equivalente a 235 mil euros por dia em combustíveis em todo o ano de 2021, um aumento de praticamente 40% face ao ano anterior, segundo os dados do BCV.

O país comprou 9.453 milhões de escudos (85,8 milhões de euros) em combustíveis ao exterior em 2021. Em 2020, ano fortemente marcado pela pandemia de covid-19 e pelo confinamento generalizado, essas importações tinham custado a Cabo Verde mais de 6.793 milhões de escudos (61 milhões de euros), em combustíveis de vários tipos, contra os 9.164 milhões de escudos (82,3 milhões de euros) em 2019.

Em média, Cabo Verde passou do equivalente a 168 mil euros diários de combustíveis importados em 2020 para 235 mil euros em 2021, um aumento de 39,8%.

Como reflexo do progressivo aumento do preço do petróleo nos mercados internacionais, os combustíveis à venda em Cabo Verde aumentaram de preço mais de 37% de janeiro a dezembro de 2021, segundo dados oficiais. De junho de 2021 a junho de 2022 esse aumento foi de praticamente 55%.

De 2019 para 2020, com a economia a crescer mais de 5%, a importação de combustíveis - necessária também para a produção de eletricidade - por Cabo Verde aumentou mais de 1%.

PVJ // JH

Lusa/Fim