“Empresas devem sentir-se rodeadas de dinheiro e oportunidades”, diz comissária europeia

A comissária Elżbieta Bieńkowska esteve em Lisboa, num encontro sobre as oportunidades de financiamento das empresas. Responsável diz que é preciso apostar na qualificação digital do pessoal.

As empresas europeias devem sentir-se rodeadas de dinheiro e oportunidades. Quem o diz é a comissária responsável pelas pastas do Mercado Interno, da Indústria, do Empreendedorismo e das Pequenas e Médias Empresas (PME). Elżbieta Bieńkowska considera o ambiente europeu propício ao florescimento destes projetos, mas identifica um problema: a falta de mão-de-obra qualificada para os desafios trazidos pela digitalização.

Esta quinta-feira, num encontro que contou com a participação do ministro da Economia, a responsável defendeu que “todos os Estados-membros” estão a torcer para que as empresas cresçam e deixou claras as três condições que devem ser cumpridas para que tal aconteça: bancos saudáveis (mesmo que estas instituições sejam mais conservadores em relação às startups), outras fontes de financiamento (como os fundos estruturais), e um ambiente amigável (pautado pela simplicidade fiscal e por um bom mercado de trabalho);

É nesse último ponto que Bieńkowska aponta o maior desafio para o mercado europeu: é que há empresas que nem conseguem recrutar os colaboradores que precisam, já que não encontram trabalhadores devidamente qualificados à disposição, confirma. “O maior problema europeu é a educação digital da mão-de-obra”, salienta a responsável.

Elżbieta Bieńkowska esteve em Lisboa à conversa com Caldeira Cabral.

Estabilidade Fiscal é um trunfo

Se os trabalhadores qualificados são um bem escasso no espaço europeu, o ministro da Economia português vê nesse problema uma oportunidade para o país. “Uma das formas das empresas portuguesas acederem às cadeias de valor é estarem preparadas tecnologicamente”, reforça Caldeira Cabral.

O governante enfatiza que Portugal está bastante desperto para os desafios trazidos pela digitalização, mesmo no que diz respeito às indústrias “menos óbvias”. “Há três anos, as pessoas estavam a discutir o défice. Hoje, como ministro da Economia, sou convidado a ir a eventos em pequenas cidades e a discutir os efeitos da digitalização nos negócios”, conta.

Além disso, Caldeira Cabral garante que o Governo está a trabalhar na simplificação do sistema de atribuição de incentivos e na adoção de mecanismos de fiscalização inteligentes para que se assegure o bom uso desses fundos.

Já no que diz respeito à terceira condição apontada pela comissária europeia para que as empresas floresçam, o responsável pela Economia nacional diz que se tem conseguido “estabilidade fiscal” com este Executivo.

Caldeira Cabral aponta ainda o recuo do défice como um indicador positivo para os investidores, uma vez que, diz o ministro, caso tal não tivesse sido conseguido, haveria o receio de um aumento da carga fiscal no setor empresarial, nos próximos anos. “O investimento está a crescer ao ritmo mais alto dos últimos 18 anos”, acrescenta o responsável.

Manuel Caldeira Cabral considera estabilidade fiscal um trunfo para Portugal.Paula Nunes / ECO

Fuga de scaleups

Ainda que o mercado europeu seja bastante favorável para as empresas, a comissária europeia do Empreendedorismo não deixa de apontar alguns problemas na capacidade de fixação dos projetos em fases mais avançadas, no continente.

“Temos milhões de jovens inteligentes, energéticos que querem criar as suas empresas, mas depois dos primeiros anos, na fase de scaleup, veem-se forçados a ir para os Estados Unidos“, assinala a polaca, que identifica, mais uma vez, a escassez de pessoal qualificado e o difícil acesso a capital — especialmente no que diz respeito a venture capital como principais catalisadores desta situação.

“Temos um problema com a falta de capital de risco em toda a Europa”, concorda Caldeira Cabral. O ministro explica que, por isso, têm sido criados incentivos ao investimento. A realização do Web Summit em Lisboa, por exemplo, é uma excelente montra para oportunidades de negócio em Portugal, garante o governante.

Apesar de todos os constrangimentos, Elżbieta Bieńkowska não tem dúvidas: “a União Europeia é o melhor lugar para se viver [e trabalhar] no mundo no século XXI”.

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