Trata-se da maior variação registada desde o início desta série histórica do órgão responsável pelas estatísticas do Governo brasileiro, iniciada em 1996, mas ainda insuficiente para recuperar as perdas provocadas pela pandemia de covid-19.

Segundo o IBGE, a expansão do PIB foi impulsionada principalmente pelo desempenho da indústria, com destaque para o crescimento de 23,7% no setor de transformação.

A indústria brasileira cresceu 14,8% e os serviços aumentaram 6,3%, enquanto a agropecuária registou uma queda de -0,5% entre julho e setembro.

"Crescemos sobre uma base muito baixa, quando estávamos no auge da pandemia, o segundo trimestre. Houve uma recuperação no terceiro, contra o segundo trimestre, mas se olharmos a taxa interanual, a queda é de 3,9% e no acumulado do ano ainda estamos caindo, tanto a indústria quanto os serviços", avaliou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.

"A agropecuária é a única que está crescendo no ano, muito puxada pela soja, que é a nossa maior lavoura", acrescentou.

Com o resultado, a economia brasileira encontra.se no mesmo patamar de 2017, com uma perda acumulada de 5% de janeiro a setembro face ao mesmo período de 2019.

Nesta comparação, a agropecuária cresceu 2,4%, enquanto a indústria (-5,1%) e os serviços (-5,3%) registaram uma queda.

Em relação ao terceiro trimestre de 2019, o Produto Interno Bruto (PIB), que é soma dos bens e serviços finais produzidos no país, caiu 3,9%.

No acumulado dos quatro trimestres terminados em setembro, houve queda de 3,4% face aos quatro trimestres imediatamente anteriores.

Em valores correntes, o PIB brasileiro somou pouco mais de 1,8 biliões de reais (cerca de 300 mil milhões de euros) entre julho e setembro de 2020.

A taxa de investimento no mesmo período foi de 16,2% do PIB, ficando praticamente estável em relação a observada no mesmo período de 2019 (16,3%).

O consumo das famílias brasileiras registou uma expansão de 7,6% no terceiro trimestre do ano.

Rebeca Palis observou que o consumo das famílias havia caído 11,3% no segundo trimestre, mas no terceiro o consumo de bens duráveis e bens alimentícios cresceram e colaboraram para o resultado.

"O consumo de serviços teve crescimento, mas foi bem menor do que a queda anterior, pois as famílias não voltaram a consumir no patamar anterior à pandemia", ressaltou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.

A formação bruta de capital fixo cresceu 11%, porém, a subida está relacionada com a base de comparação com o segundo trimestre, quando os investimentos haviam caído 16,5%.

"No acumulado do ano, a queda é de 5,5%. E o país ainda tem investimento em equipamentos importados e como o dólar está alto, influencia para baixo", frisou Rebeca Palis.

No que se refere ao setor externo, as exportações de bens e serviços feitas pelo Brasil registaram queda de 2,1%, enquanto que as importações de bens e serviços caíram 9,6% face ao segundo trimestre de 2020.

"A importação cai devido à baixa atividade económica e ao câmbio desvalorizado. Por outro lado, a exportação não cresceu devido aos problemas de parceiros comerciais", concluiu a coordenadora do IBGE.

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