É cada vez mais difícil às famílias comprar casa. A culpa é do turismo, diz Bruxelas

Os preços das casas não param de subir. Primeiro foi uma correção, mas agora é fruto da pressão do turismo. Bruxelas diz que não há razão para alarme, mas pede monitorização.

De máximo em máximo. Tem sido assim, nos últimos tempos, a evolução dos preços das casas no mercado nacional. Primeiro houve uma correção dos mínimos no período da troika, mas rapidamente passou a assistir-se a uma escalada dos valores dos imóveis para habitação. Bruxelas associa os sucessivos aumentos ao boom do turismo que catapulta os valores nas zonas turísticas, mas também nas residenciais, alertando para a crescente dificuldade das famílias em conseguirem comprar imóvel para viver.

“Os preços das casas aumentaram 12,2% no primeiro trimestre deste ano, em termos homólogos, acelerando face aos 9,2% em 2017″, nota a Comissão Europeia na oitava avaliação pós-programa, notando que as transações cresceram 15,7% em volume e 25,7% em termos de valor.

Preços das casas continuam a acelerar

Fonte: INE

Para Bruxelas, a explicação para este movimento é simples: é o turismo. “A indústria do turismo e o investimento dos estrangeiros está a puxar pelos preços, em particular nas cidades de Lisboa e Porto onde a subida dos preços está bem acima da média”.

"[O boom turístico está] a puxar pelos preços não só nas zonas mais turísticas, mas também nos bairros residenciais, com impacto na capacidade de as famílias comprarem casa, particularmente as que têm menores rendimentos.”

Comissão Europeia

“O rápido aumento da utilização de plataformas de arrendamento de curta duração [como o Airbnb] e a expansão das rotas das companhias aéreas low cost” explicam o sucesso do turismo em Portugal, levando à subida dos preços nas zonas mais turísticas das duas maiores cidades do país, mas também noutras menos turísticas.

Este sucesso turístico tem um custo para as famílias portuguesas, num país em que a maioria compra (em vez de arrendar). O boom turístico está “a puxar pelos preços não só nas zonas mais turísticas, mas também nos bairros residenciais, com impacto na capacidade de as famílias comprarem casa, particularmente as que têm menores rendimentos”.

Subida dos preços vai abrandar. Mas não é já

A Comissão Europeia acredita que a subida dos preços das casas vai, “gradualmente, abrandar a médio prazo”. Porquê? “A recuperação da construção deverá adicionar oferta” no mercado imobiliário, mas “essa só será visível em 2019 já que muitos dos projetos ainda estão em carteira e não terão impacto imediato no mercado”.

Enquanto não chegam mais casas ao mercado, o preço dos imóveis deverá superar, novamente, o teto de 6% acima da inflação. “Será o terceiro ano consecutivo em que supera esse teto”, nota a Comissão Europeia.

"A dinâmica de preços exige uma monitorização mais apertada já que uma potencial correção teria impacto negativo na avaliação dos ativos da banca.”

Comissão Europeia

Neste sentido, e apesar de notar que a subida dos preços está a acontecer num contexto de quebra do crédito para a compra de casa (o saldo tem recuado, apesar do forte aumento na nova concessão de financiamento), Bruxelas diz que “a dinâmica de preços exige uma monitorização mais apertada já que uma potencial correção teria impacto negativo na avaliação dos ativos da banca”.

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