O único deputado português na AL disse à agência Lusa que "resultaram as medidas" do Governo de incentivo ao turismo doméstico, bem como os pacotes de descontos promovidos pelas concessionárias do jogo que exploram os 'resorts' integrados, mas que é preciso dar continuidade a essa política.

A economia de Macau, muito dependente do jogo e do mercado turístico chinês, sofreu uma quebra sem precedentes tanto na exploração dos casinos como na entrada de visitantes desde final de janeiro, na sequência da primeira vaga de casos de covid-19 detetados no território.

Das centenas de milhões de euros de lucros do jogo, as operadoras de Macau estão agora a anunciar prejuízos nas operações que incluem os 'resorts' integrados.

As restrições fronteiriças praticamente impedem a saída da população de Macau e a entrada de visitantes, à exceção da cautelosa abertura à província chinesa de Guangdong, ainda insuficiente para revitalizar o 'motor' da economia da capital mundial do jogo.

"Tendo em conta a pandemia e as restrições de deslocação de residentes de Macau para o exterior, o Governo introduziu medidas extremamente positivas em articulação com as concessionárias de jogo, o que permite que sobretudo aos fins de semana e feriados as famílias possam usufruir de hotéis e 'resorts', locais de diversão muito virados para as famílias, muitas das quais nunca tinham sequer entrado naqueles locais", explicou.

"As medidas introduzidas estão a resultar, como é o caso da aquisição de bilhetes a preços módicos, o que fez com que aos fins de semana, em especial o último que passou, as concessionárias estivessem lotadas", acrescentou.

É neste contexto que o deputado vem defender, por isso, que "na revisão dos contratos seja introduzida uma percentagem para os residentes de Macau poderem no futuro continuarem a beneficiar dessas medidas, mesmo quando começarem a surgir mais turistas do interior do continente".

"Esta quota turística local deveria fazer parte da responsabilização das concessionárias para com o território, porque a maior parte dos lucros não é investida em Macau", salientou.

A proposta vai ser apresentada ao líder do Governo "no âmbito do diálogo permanente com o chefe do Executivo", para se deixar a mensagem de que as ações foram positivas, mas que merecem continuidade", sustentou.

Macau registou em 2019 quase 40 milhões de visitantes. Só em maio o número de visitantes provenientes do interior da China, o maior mercado turístico do território, chegou a cair em maio 99,4%, em termos anuais.

O impacto da pandemia na economia de Macau, que não tem qualquer caso ativo de covid-19, obrigou o Governo a avançar com um plano inédito destinado a ajudar as pequenas e médias empresas (PME) e a população.

Só em três meses, Macau injetou cerca de 4,3 mil milhões de patacas (460 milhões de euros) nas PME, em juros bonificados, dinheiro que estava incluído nos 38,95 mil milhões de patacas (4,15 mil milhões de euros) que saíram da reserva especial como resposta de emergência à crise.

O Governo de Macau prometeu avançar com um concurso público até 2022, ano em que terminam as licenças de exploração do jogo.

Entre março e junho de 2002 foram celebrados contratos entre o Governo de Macau, a SJM, a Galaxy Casino e a Wynn Resorts Macau para a atribuição de três concessões.

Em dezembro daquele ano foi feita uma alteração ao contrato de concessão do Galaxy Casino, na qual foi permitida à Venetian Macau explorar jogos de fortuna ou azar no território, mediante subconcessão. A SJM e a Wynn vieram também a assinar contratos de subconcessão com a MGM e a Melco Resorts, respetivamente.

A Venetian pertence à Sands China, que é uma sucursal da norte-americana Las Vegas Sands. A Wynn e a MGM são também grupos empresariais com maioria de capital norte-americano.

JMC // EJ

Lusa/Fim