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Da UEFA ao passivo: os desafios financeiros de André Villas-Boas como novo presidente do FC Porto

Em entrevista ao JE, Jaime Carvalho Esteves, advogado da J+Legal e sócio do FC Porto, e apoiante desde a primeira hora de André Villas-Boas, define os maiores desafios dos novos corpos dirigentes: receitas e despesas, fair-play financeiro da UEFA, a questão do estádio e do merchandising, os encargos e a redução dos gastos de financiamento assim como o património e a bilhética.
7 Maio 2024, 11h20

Uma nova era começa esta terça-feira no FC Porto com a tomada de posse de André Villas-Boas como presidente do clube após 42 anos de um longo reinado de Jorge Nuno Pinto da Costa.

Em entrevista ao JE, Jaime Carvalho Esteves, advogado da J+Legal e sócio do FC Porto, e apoiante desde a primeira hora de André Villas-Boas, define os maiores desafios dos novos corpos dirigentes: receitas e despesas, fair-play financeiro da UEFA, a questão do estádio e do merchandising, os encargos e a redução dos gastos de financiamento assim como o património e a bilhética.

Qual é o principal desafio desta nova administração do FC Porto?

O desafio principal numa sociedade desportiva e num clube como o FC Porto é continuar a vencer. Esse é o grande desafio: manter esta história de enorme sucesso em Portugal e na Europa. Na perspectiva económico-financeira, os desafios do presidente eleito vão ser enormes, diria até que serão mais do que os sete trabalhos de Hércules. Deve-se estar atento às receitas e despesas, a questão da UEFA, o tema do estádio e do merchandising, os encargos de financiamento e a redução dos gastos de financiamento, o património e a bilhética.

É fundamental olhar para as receitas e despesas.

Se nos mantivermos nesse pontos, diria que André Villas-Boas terá que olhar para o binómio que abrange as despesas (já que há que racionalizar este campo e muito trabalho para fazer), há que olhar para o serviço da dívida e para os encargos financeiros, reduzindo significativamente esses montantes; tem que se olhar para os custos de operação, de transação dos jogadores e reduzir significativamente toda essa vertente. Depois, dentro desse binómio, há que aumentar as receitas em que a matéria prima fundamental são os direitos desportivos dos futebolistas. É preciso formar, ter um scouting eficaz, detetar os talentos de forma precoce para que possam gerar mais-valias no mercado.

O fair-play financeiro da UEFA tem sido um tema nas últimas semanas.

Temos depois a questão do fair-play financeiro que é fundamental acautelar. É preciso perceber em que condições se encontra o FC Porto, nomeadamente em termos de dívidas que não podem existir nos momentos de observação: a jogadores, treinadores ou mesmo a outros clubes. Temo que possam existir algumas surpresas. Por isso é importante que já exista uma equipa de transição para pegar em todos esses dossiers. Um dos motivos que justificou a votação de 80% para André Villas-Boas foi o nevoeiro comunicacional da anterior direção. Num momento de grande dificuldade para o clube, exigia-se muita transparência e isso não aconteceu. Gostaria que não houvesse surpresas mas temo que existam. Do lado da UEFA, sabemos que há várias ações de cobrança, aparentemente existirá uma sanção já estabelecida em função de dívidas a jogadores, clubes ou agentes desportivos. Aí, haverá dificuldades em relação à situação financeira da SAD e aos seus capitais próprios. Por aí, haverá muito trabalho a fazer.

Por último, o FC Porto terá que baixar o passivo financeiro.

O financiamento é fundamental para o FC Porto já que o passivo financeiro da SAD do FC Porto é muito significativo e houve antecipação das receitas dos direitos televisivos da Altice. Não se sabe até que ponto as receitas futuras estão comprometidas. Também havia muitas dúvidas em torno da bilhética e aos custos de operação referentes ao merchandising uma vez que temos vendas parecidas aos rivais mas com custos muito superiores.

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