Crescimento, desemprego, défice e dívida. Portugal vai à frente ou atrás no pelotão europeu?

  • Marta Santos Silva
  • 24 Abril 2018

O Eurostat já desvendou os números do crescimento, desemprego, défice e dívida dos 28 países da União Europeia em 2017. Portugal vai à frente ou atrás do pelotão da recuperação económica?

Esta segunda-feira o Eurostat revelou que, tomando em conta a Caixa Geral de Depósitos, o défice português é o segundo pior da Europa. No entanto, mesmo excluindo a recapitalização, Portugal continua a ficar em 19.º no ranking dos saldos orçamentais europeus. O ECO foi olhar para os últimos indicadores do Eurostat para perceber onde é que Portugal se situa em comparação com os restantes Estados-membros da União Europeia, numa altura em que a economia da região está em franca recuperação. Embora tenha melhorado, o país continua na cauda na maior parte dos indicadores.

Desde logo, o défice. O Eurostat insiste em tomar em conta a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos no cálculo do défice de 2017, o que o deixa nos 3%: só Espanha tem pior resultado. Sem a Caixa, o défice é de 0,9%, um valor que foi celebrado (e criticado) dentro das fronteiras portuguesas por ser bastante inferior ao inicialmente planeado e por ser o melhor em democracia. Mesmo assim, Portugal fica em 19.º, num ranking em que 12 Estados-membros registam mesmo um excedente.

Saldo orçamental: Portugal em 19.º sem a Caixa

Fonte: Eurostat. Valores em percentagem do PIB.

Portugal também mostra, em dados divulgados esta segunda-feira, um rácio muito elevado da dívida pública. Mesmo com os recuos que se têm registado no rácio da dívida, que caiu para os 125,7% em 2017, Portugal tem o terceiro rácio mais alto. Fica apenas atrás da Grécia e da Itália, e é seguido pela Bélgica e por Espanha, que já se encontra abaixo do limiar dos 100% do PIB.

Dívida pública portuguesa é a 3.ª mais elevada

Fonte: Eurostat. Valores em percentagem.

Outro aspeto em que Portugal tem melhorado substancialmente a sua prestação é nos valores do desemprego. Nos dados mais recentes, o desemprego em Portugal já era inferior ao nível dos 8%, chegando a valores que já não se viam desde 2004. No entanto, no panorama europeu, estes valores não são excecionais. Antes pelo contrário: Portugal surge na cauda. Longe dos 20,8% registados na Grécia, Portugal fica, ainda assim, no final do pelotão europeu, em 20.º lugar na escada das melhores taxas de desemprego.

Portugal tem a 20.ª melhor taxa de desemprego dos 28

Fonte: Eurostat. Valores em percentagem.

Então e o crescimento do PIB, de que Mário Centeno mais se orgulha? Os valores são de facto bons tendo em conta a história do crescimento económico em Portugal. O Instituto Nacional de Estatística confirmou que Portugal cresceu 2,7% em 2017, o que é bem acima da média do país. No entanto, olhando para o crescimento anual do PIB nos restantes países europeus, o panorama fica menos brilhante para o país. Só 10 dos restantes 27 cresceram menos do que Portugal em 2017.

Crescimento do PIB: Portugal em 18.º

Fonte: Eurostat. Valores em percentagem.

O país fica um pouco mais bem colocado se olharmos para o crescimento em cadeia. No total do ano 2017, Portugal cresceu 2,7%, e do terceiro para o quarto trimestre do ano cresceu 0,7%. Comparado com o crescimento de trimestre em trimestre dos restantes países europeus, sobe um degrau na escada e fica em 17.º.

Crescimento em cadeia

Fonte: Eurostat. Valores em percentagem.

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