De acordo com um relatório estatístico deste mês do banco central, o total do crédito à economia cabo-verdiana -- empréstimos bancários e 'stock' de dívida titulada no mercado primário - situava-se no final de 2020 em mais de 131.310 milhões de escudos (1.187 milhões de euros), enquanto em dezembro de 2019, antes da pandemia de covid-19, era de 126.437 milhões de escudos (1.143 milhões de euros).

O crédito total à economia cabo-verdiana já tinha crescido 6,7% em 2021, para mais de 140.171 milhões de escudos (1.268 milhões de euros) no final de dezembro passado, a que acresce mais 1,5% no primeiro trimestre de 2022, equivalente a 2.086 milhões de escudos (18,9 milhões de euros) em três meses.

No final de março último, 91,5% do total de crédito à economia cabo-verdiana era relativa a empréstimos dos bancos, no valor superior a 128.225 milhões de escudos (1.159 milhões de euros).

Cabo Verde enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística - setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago - desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19, tendo lançado desde então várias linhas de crédito com garantia do Estado -- de mais de 4.000 milhões de escudos (36 milhões de euros) - para financiar a atividade das empresas, autarquias e famílias.

Essas linhas de crédito, com taxa de juro preferencial até 3% e garantia do Estado até 80%, beneficiaram 633 empresas privadas e "preservaram 13.300 postos de trabalho" durante a pandemia, segundo informação anterior do Ministério das Finanças.

A economia cabo-verdiana cresceu 7% em 2021, mas devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia o Governo reviu a previsão de crescimento para 2022 dos anteriores 6% para 4%, após uma recessão histórica de 14,8% em 2020, devido à pandemia de covid-19.

Entretanto, o Plano de Retoma da economia cabo-verdiana no pós-pandemia, recentemente apresentado, prevê mais 82 milhões de euros de linhas de crédito às empresas, com taxas de juro de até 3,5%, segundo anúncio do Governo.

Este plano governamental prevê, entre várias medidas, que as pequenas empresas obtenham financiamentos individuais de até 25 milhões de escudos (228 mil euros), as médias empresas até 50 milhões de escudos (456 mil euros) e as grandes empresas até 100 milhões de escudos (913 mil euros).

Os apoios à retoma da atividade empresarial em Cabo Verde preveem a modalidade da suspensão do pagamento de contribuições sociais por seis meses e a "renegociação desses valores ao sétimo mês".

Entre outras medidas, o Plano de Retoma prevê novas linhas de crédito com aval do Estado para apoio à tesouraria das empresas, no valor de 2.700 milhões de escudos (24,6 milhões de euros), e de 6.300 milhões de escudos (57,4 milhões de euros) para crédito ao investimento das empresas, totalizando 9.000 milhões de escudos (82 milhões de euros) de novos financiamentos para 2022.

As novas de linhas de crédito lançadas com o Plano de Retoma preveem taxas de juro "não superiores a 3,5%", um período de carência de capital e juros de mínimo de seis meses, pagamento do capital em até cinco anos para os financiamentos de apoio à tesouraria e até dez anos para os de investimentos.

Está ainda previsto um programa de assistência técnica às micro, pequenas e médias empresas através deste Plano de Retoma, cuja implementação será acompanhada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento do Setor Privado.

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