"No caso da Guiné Equatorial, os elementos sobre a governação e o combate à corrupção serão uma parte muito importante do programa que o conselho de administração do FMI vai analisar quando se reunir, o que ainda não aconteceu", disse Gerry Rice em resposta aos jornalistas durante a conferência de imprensa quinzenal.

"O Governo da Guiné Equatorial comprometeu-se a aplicar uma estratégia nacional de combate à corrupção e melhorar a governação, e isso será um elemento central de qualquer programa que vá para a frente", acrescentou o porta-voz, respondendo a uma questão sobre a reação do FMI às críticas de vários grupos da sociedade civil que pedem ao Fundo que rejeite o pedido de assistência financeira feito por Malabo.

"Nós somos requisitados para trabalhar com qualquer um dos nossos 189 Estados-membros e tentamos trabalhar com eles independentemente das difíceis circunstâncias de cada um", disse.

"O FMI dá grande atenção às questões da governação e da corrupção, como se vê em várias partes dos nossos programas, marcados pelo cumprimento das leis relativamente à transparência internacional, combate à lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo, entre outros", afirmou.

O secretário de Estado das Finanças da Guiné Equatorial disse no princípio do mês à Lusa que o FMI deverá, em dezembro, aprovar um pacote de ajuda financeira num valor que ronda os 600 milhões de dólares (541 milhões de euros).

"Dentro do programa financeiro de apoio às economias da África Central, o FMI irá reforçar e apoiar as receitas do Estado, e dentro desse programa de apoio às finanças e despesa pública o FMI vai dar um empréstimo de cerca de 600 milhões de dólares", disse Rafael Tung Nsue Bilogo, que é também o conselheiro financeiro do Presidente da República equato-guineense, Teodoro Obiang, no poder há 40 anos.

As declarações de Rafael Bilogo surgiram depois de o ministro das Finanças ter dito que esperava um apoio do FMI na ordem dos 700 milhões de dólares [631 milhões de euros] e de o porta-voz do FMI ter afirmado, numa conferência de imprensa, que o valor do programa deveria ficar aquém dos 300 milhões de dólares [270 milhões de euros].

A Lusa questionou hoje novamente o porta-voz do FMI sobre estes diferentes valores, mas não teve resposta.

A Guiné Equatorial, país com cerca de um milhão de habitantes, é dirigida desde agosto de 1979 por Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, que detém o recorde de longevidade no poder em África.

O Governo da Guiné Equatorial é acusado por várias organizações da sociedade civil de constantes violações dos direitos humanos e perseguição a políticos da oposição.

Teodoro Obiang e a sua família -- nomeadamente o seu filho Teodorin Obiang -- enfrentaram ou ainda enfrentam investigações por crimes de corrupção, desvio de dinheiro público e branqueamento de capitais em França e em outros países.

Este país africano faz parte, desde 2014, da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

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