China “não tem medo” de guerra comercial com EUA. Bruxelas “aplaude” decisão de Europa ficar de fora

A China não quer uma guerra comercial, mas "não tem medo" de entrar numa se for o caso. Já ameaçou retaliar os EUA caso avancem com impostos sobre importações chinesas. Mas pede a Trump que "recue".

A China apelou aos Estados Unidos para que repensem a sua posição no que toca às tarifas de 60 mil milhões de dólares que lhe foram impostas por Donald Trump. O Presidente anunciou as taxas esta quinta-feira como retaliação pelo alegado roubo de propriedade intelectual a empresas norte-americanas por parte da nação chinesa. Agora, a China ameaçou retaliar, caso o país não “recue” nesta decisão.

“A China não espera entrar numa guerra comercial, mas não tem medo de entrar numa”, disse o ministro do comércio chinês, Gao Hucheng, num comunicado citado pela Reuters. “A China espera que os Estados Unidos recuem, tomem decisões prudentes e evitem arrastar as relações comerciais bilaterais para um terreno perigoso”, acrescentou. O receio de uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo continua a pressionar os mercados bolsistas esta sexta-feira.

Donald Trump anunciou esta quinta-feira tarifas de 60 mil milhões de dólares que incidem sobre produtos importados da China, que vão para além do aço e do alumínio. “Temos um problema particular, ainda que sejamos amigos e eles nos estejam a ajudar com a Coreia do Norte, que é a China”, afirmou o Presidente norte-americano, no momento de assinatura da ordem presidencial.

Segundo a Reuters, o Presidente chinês, Xi Jinping, poderá retaliar com planos para aumentar as taxas em cerca de três mil milhões de dólares sobre produtos importados dos Estados Unidos, como fruta fresca, vinho e nozes. Além disso, outro ponto sensível é o facto de a China ser um dos maiores investidores em dívida soberana dos Estados Unidos.

A China não espera entrar numa guerra comercial, mas não tem medo de entrar numa.

Gao Hucheng

Ministro do Comércio da China

A ordem presidencial assinada esta quinta-feira por Donald Trump prevê um período de consulta de 30 dias que começa apenas quando for divulgada a lista de produtos chineses que os Estados Unidos querem taxar, um documento que ainda está a ser preparado. Ou seja, segundo a agência, ainda há tempo para conversações no que toca à alegada apropriação indevida de propriedade intelectual norte-americana pela China.

Porém, segundo a mesma agência, os Estados Unidos não forneceram a Pequim qualquer lista de exigências concretas para evitar um conflito comercial. Mas indicaram às autoridades chinesas que, para evitar os impostos de 60 mil milhões de dólares, terá de tomar ações concretas.

Tarifas sobre a Europa em suspenso. Moscovici aplaude decisão

O Presidente Donald Trump também tinha planos para avançar com taxas sobre as importações de aço e alumínio oriundas da Europa. Contudo, é uma ideia que terá sido posta de lado, pelo menos por agora. É uma decisão que já foi aplaudida esta sexta-feira pelo comissário europeu Pierre Moscovici.

“Vamos dar as boas-vindas a esta decisão, que marca um progresso, e vamos continuar em conversações”, afirmou o comissário europeu com a pasta dos assuntos financeiros à rádio France Inter, citado pela agência Reuters. No entanto, Moscovici acrescentou: “[Também] não vamos alimentar a fantasia de que iremos reabrir uma negociação global tipo tratado transatlântico a partir daqui”.

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