"Nem um passo atrás" é o lema. Uma tarja gigante foi erguida num monte a agradecer o trabalho extra dos militares, e vários cartazes foram afixados na parede do viaduto à entrada do terminal de abastecimento de combustíveis.

Pelas 11:50, nos cartazes podia-se ler frases como "Obrigado Sr. Ministro por facultar o direito à greve" ou "Vivemos numa Petro democracia".

À agência Lusa, os motoristas recusaram-se a prestar declarações sobre a greve, dizendo apenas que já estão "cansados" e que quem deve dar a cara é o Sindicato Nacional de Matérias Perigosas (SNMMP).

Pelo menos sete camiões de combustíveis têm saído, de 10 em 10 minutos, do Centro Logístico de Combustíveis (CLC), para cumprimento da lei. Já há militares a conduzir os veículos de transporte de matérias perigosas.

Durante a manhã, o advogado do SNMMP, Pardal Henriques, afirmou que colocar militares a realizar o trabalho daqueles motoristas representa um risco de segurança, uma vez que, segundo este dirigente, os militares tiveram apenas "uma hora de formação" para fazerem cargas e descargas de matérias perigosas, quando habitualmente os motoristas fazem três ou seis meses de formação.

"Terei sinceramente receio de saber se estou a abastecer um produto e afinal está lá outro, ou de haver produtos contaminados, que é muito provável que isto aconteça, já acontece com estas pessoas que têm 20 anos de experiência, eu imagino com um militar que está simplesmente a cumprir ordens", reiterou hoje o advogado do SNMMP.

Quanto ao fim do protesto, Francisco São Bento espera que haja entendimento com a Antram, de modo a chegar a consenso entre ambos, firmando um documento e torná-lo público.

Ao fim do primeiro dia de greve de motoristas, o Governo decretou a requisição civil, alegando o incumprimento dos serviços mínimos.

O secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Tiago Antunes, após uma reunião do executivo por via eletrónica, justificou a medida depois de o Governo ter constado que os sindicatos que convocaram a greve dos motoristas de mercadorias e de matérias perigosas "não asseguraram os serviços mínimos", particularmente no turno da tarde.

A portaria que efetiva "de forma gradual e faseada" a requisição civil dos motoristas em greve visa assegurar o abastecimento da Rede de Emergência, aeroportos, postos servidos pela refinaria de Sines e unidades autónomas de gás natural.

Outra portaria estabelece que os militares das Forças Armadas podem substituir "parcial ou totalmente" os motoristas em greve e a sua intervenção abrange operações de carga e descarga de veículos-cisterna de combustíveis líquidos, GPL e gás natural.

A greve que começou na segunda-feira, por tempo indeterminado, foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), com o objetivo de reivindicar junto da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.

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