"É uma grande mentira, o nosso contrato continua ativo, o próprio tribunal não consegue dizer que o nosso contrato está caducado por isso, e pelas horas noturnas que também não são pagas, estamos em luta. Não vamos parar porque não podemos parar", afirmou Adozinda Oliveira, funcionária do Hospital de Guimarães há 26 anos.

A concentração dos funcionários de limpeza teve início às 14:00 junto à rotunda do Marquês de Pombal, em Lisboa, e os manifestantes iniciaram uma marcha de cerca de 15 minutos até à APFS entoando algumas palavras de ordem contra a associação.

"Trabalho digno sim, exploração não" e "patrão escuta, trabalhadores estão em luta" foram duas das frases mais ditas pelos manifestantes que desceram parte da Avenida da Liberdade sob ameaça de chuva que, garantiram, "não os impediria".

Frente à APFS marcaram presença também a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, o deputado José Soeiro (BE) e o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, "solidários" com aquilo que consideraram ser uma "luta justíssima".

O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, afirmou ser "inadmissível" que a associação patronal tivesse anunciado a caducidade do contrato coletivo de trabalho, alertando para que que esta luta "sirva de exemplo ao Governo".

"O que é que a associação patronal quer? Que as trabalhadoras fiquem abaixo do salário mínimo nacional? Quer negociar ainda valores inferiores ao pouco que já recebem? Este exemplo do que se está a passar na limpeza deve ser tido em consideração pelo Governo e a primeira conclusão a que pode chegar é que a proposta que apresentou na Assembleia da República e que mantém a caducidade, nomeadamente da contratação coletiva, deve ser erradicado", afirmou.

Também o deputado do BE José Soeiro defendeu que a caducidade da contratação coletiva deve "acabar".

"Estamos a lutar também na Assembleia da República para acabar com a caducidade da contratação coletiva, ou seja, para impedir que uma associação patronal possa de uma forma unilateral fazer caducar um contrato e fazer suceder a esse contrato um vazio em termos dos direitos dos trabalhadores", disse.

Madalena Machado, uma das manifestantes que se deslocou de Coimbra, onde trabalha na limpeza dos Hospitais da Universidade de Coimbra, a Lisboa para participar na manifestação disse ser "impossível fazer face à vida hoje em dia com o ordenado mínimo".

"Estamos a fazer esta luta, a manifestação e a greve nos locais de trabalho, para que a gente consiga o nosso contrato de trabalho assinado porque tínhamos um contrato de trabalho que dizem que está caducado e não está. Queremos que seja assinado o contrato de trabalho para que aumentem os salários, temos um subsídio de alimentação de 1,90 euros que é uma vergonha", afirmou.

Num comunicado emitido na quinta-feira, a APFS reafirmou que o contrato coletivo de trabalho (CCT) celebrado em 2004 com o Sindicato dos Trabalhadores de Limpeza e Atividades Diversas (STAD) "está caducado".

O STAD reivindica aumentos salariais que permitam fixar as remunerações nos 650 euros e um subsídio de refeição de cinco euros por dia.

Este setor emprega mais de 35.000 trabalhadores, em mais de uma centena de empresas.

RYPS (DF/RRA) // MSF

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