Os trabalhadores dos CFL estão em greve, por tempo indeterminado, desde 18 deste mês e estavam a assegurar até quarta-feira os serviços mínimos, como exigido por lei.
Em nota distribuída à imprensa, o CFL refere que não tem data para o retorno à circulação, alegando o Conselho de Administração que um dos comboios circulou sem a devida autorização do Posto de Comando, situação que colocou em risco a segurança pública nas passagens de nível.
Segundo a administração da empresa, a greve em curso há uma semana tem sido marcada por atos de desobediência das normas de segurança, que colocam em risco a vida dos passageiros e dos trabalhadores.
A empresa lamenta os atos de desobediência que têm levado os grevistas a interditarem ilegalmente a entrada nas oficinas gerais dos demais trabalhadores que não aderiram à greve, impedindo a manutenção preventiva e corretiva necessária à segurança durante a circulação dos comboios.
De acordo com os CFL, os serviços mínimos têm sido realizados à revelia, sem qualquer concertação com a administração da empresa e sem a obediência de horários, ou seja, quando se verifica maior afluência de passageiros nas estações.
O Conselho de Administração dos CFL reitera a sua abertura ao diálogo, que até agora tem sido rejeitado de forma unilateral pelos grevistas.
Esta é a segunda fase uma greve desencadeada por trabalhadores dos CFL, depois da primeira, de 14 dias, em janeiro deste ano, desta vez pelo incumprimento do acordo alcançado naquela altura, essencialmente para o aumento salarial em 80% exigido no caderno reivindicativo de 19 pontos.
Os grevistas acusam a empresa de ter cumprido apenas um dos pontos, como o aumento do subsídio de alimentação, enquanto a empresa considera injustificada esta nova greve, por já terem sido já atendidos oito dos 19 pontos, estando em fase de resolução outros sete e por chegar a acordo o aumento salarial na ordem dos 80%.
Em comunicado, a que a Lusa teve então acesso, o CFL diz que "o aumento dos salários será feito de forma faseada, dependendo do aumento da produtividade da empresa, através do plano de negócios reestruturado e da aplicação do novo tarifário a ser definido pelo Governo".
Por altura da declaração de greve, os CFL divulgaram um comunicado no qual descreveu a atual situação financeira, sublinhando que recebe mensalmente do Orçamento Geral do Estado 102 milhões de kwanzas (285.117 euros) como subsídio operacional, que cobre apenas 83% do fundo salarial,
Adicionados àquele valor, a empresa tem como receitas próprias 30 milhões de kwanzas (83.858 euros) para fazer face a todas as despesas mensais que estão estimadas em 280 milhões de kwanzas (782.675 euros).
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