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BBVA lança OPA hostil ao Sabadell de 12 mil milhões

É necessária a aprovação de acionistas que representem pelo menos 50,01% do seu capital social para que a oferta seja aceite.
9 Maio 2024, 08h15

O banco espanhol BBVA lançou esta quinta-feira uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre o Banco Sabadell no valor de 12 mil milhões de euros, que é dirigida diretamente aos acionistas, depois de o Conselho de Administração do Sabadell ter rejeitado esta semana a proposta de fusão.

O BBVA decidiu avançar a OPA hostil depois de o Conselho de Administração do Sabadell ter afirmado, na segunda-feira, que a proposta de fusão por troca de ações subavaliava significativamente o potencial do Sabadell e as perspectivas de crescimento, considerando a oferta não solicitada.

Os termos da oferta hostil são praticamente os mesmos da oferta que foi apresentada e rejeitada pelo Conselho de Administração do Sabadell.

O segundo maior banco espanhol em valor de mercado está a oferecer uma relação de troca de uma ação BBVA recém-emitida por cada 4,83 ações Sabadell, o que traduz um prémio de 30% sobre os preços de fecho de 29 de abril.

Se a operação se concretizar como previsto, os acionistas do Sabadell terão uma participação de 16% na instituição resultante da fusão.

A OPA hostil avalia as ações do banco-alvo em 2,12 euros cada – o que implica um valor total de cerca de 12 mil milhões de euros – com base no preço médio do trimestre anterior ao anúncio. As ações da Sabadell fecharam a 1,80 euros na quarta-feira, segundo a Dow Jones Newswires.

“Apresentamos aos acionistas do Banco Sabadell uma oferta extraordinariamente atraente para criar um banco com maior escala num dos nossos mercados mais importantes”, disse o presidente do BBVA, Carlos Torres Vila.

É necessária a aprovação de acionistas que representem pelo menos 50,01% do seu capital social para que a oferta seja aceite.

O BBVA, assessorado na operação pelo JP Morgan SE, UBS Europe SE, Rothschild & Co, Garrigues e a DWP, prevê apresentar à CNMV o pedido de autorização da OPA, acompanhado de um projeto de exposição de motivos e dos restantes documentos complementares. O prazo previsto é “a primeira metade” de um prazo máximo de um mês a contar da data em que a decisão de formulação da oferta tenha sido tornada pública.

Em comunicado o BBVA diz que a operação “tem impactos financeiros muito positivos graças a sinergias relevantes e à complementaridade e excelência de ambos os bancos. A operação criará um dos melhores bancos da Europa, com uma quota de mercado de empréstimos próxima de 22% em Espanha. Além disso, o BBVA manterá a sua atual política de distribuição de dividendos aos acionistas e o seu compromisso de distribuir qualquer excesso de capital acima de 12%”.

O BBVA pretende criar uma instituição de crédito com mais de 100 milhões de clientes a nível mundial e um total de ativos superior a um bilião de euros, ficando apenas atrás do seu rival Santander entre os bancos espanhóis.

“Todas as partes interessadas serão beneficiadas com esta operação”, disse o CEO do BBVA, Onur Genç. “O Banco Sabadell fez um excelente trabalho, com progressos notáveis nos últimos anos, e agora os seus acionistas podem juntar-se a uma entidade com uma combinação de crescimento e rentabilidade sem paralelo na Europa.”

O BBVA diz que mantém o seu compromisso em todos os mercados onde opera (está em Portugal com uma sucursal) e “a partir de uma posição de maior força, aumentará o seu apoio às empresas, bem como aos setores culturais, científicos e sociais através da sua atividade bancária e fundações”.

O novo banco terá dupla sede operacional em Espanha, uma no centro corporativo do Banco Sabadell em Sant Cugat del Vallès (Barcelona) e outra na Ciudad BBVA, em Madrid. O BBVA considera que a integração de ambas as entidades também aumenta o potencial de Barcelona como hub europeu para startups. A utilização da marca Sabadell continuará a ser utilizada juntamente com a marca BBVA nas regiões ou negócios onde possa ter um impacto comercial relevante.

“São dois bancos muito complementares, tanto pela sua diversificação geográfica como pela sua força em segmentos de clientes. Em Espanha, o Banco Sabadell é líder nas PME, com uma quota de 12,7% contra 11,5%  do BBVA, enquanto o BBVA é mais forte na banca de retalho, com uma quota de 14,7%, em comparação com 6,3% do Banco Sabadell, refere o BBVA.

No início desta semana, o conselho de administração de Sabadell rejeitou a proposta do BBVA, concluindo que subvalorizou substancialmente o seu potencial e as suas perspectivas de crescimento como banco autónomo.

Os mesmos bancos consideraram uma fusão em 2020, mas não conseguiram chegar a um acordo sobre o preço e as negociações foram canceladas.

(Atualizada)

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